Congressistas republicanos advertiram o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a demissão do conselheiro especial Robert Mueller, que investiga a suposta interferência da Rússia na eleição presidencial americana. O movimento vem na esteira de relatos que circularam na imprensa na semana passada de que Trump considerou demitir Mueller em junho.
“Está bastante claro, para mim, que todos na Casa Branca sabem que seria o fim do governo Trump se ele demitir Mueller”, disse o senador republicano Lindsey Graham (Carolina do Sul) na ABC.
Os líderes republicanos continuam a apoiar Mueller. Trump criticou repetidamente a investigação e desmentiu os relatos de que ele tentou demitir Mueller em junho do ano passado. De acordo com o presidente, as notícias divulgadas na sexta-feira são “falsas”.
Congressistas republicanos disseram neste domingo que seria um erro para Trump tentar demitir Mueller, que está investigando se a campanha do presidente agiu em conluio com a Rússia durante as eleições presidenciais. Mueller também apura se Trump obstruiu a Justiça quando demitiu o ex-diretor do Departamento de Investigação Federal (FBI, na sigla em inglês) James Comey. Trump nega ambas as acusações e Moscou disse que não interferiu nas eleições de 2016.
Mueller “não levantou a mão e disse ‘me escolham’. Nós, como país, pedimos que ele fizesse isso”, disse o deputado republicano Trey Gowdy (Carolina do Sul), que comanda o Comitê de Supervisão da Câmara, em entrevista à Fox News neste domingo. Gowdy comentou que seus colegas do Partido Republicano deveriam “deixá-lo sozinho”.
A senadora republicana Susan Collins (Maine) afirmou que “obviamente seria um erro terrível” se Trump tentasse demitir o vice-procurador-geral, Rod Rosenstein, que colocou Mueller para encabeçar a investigação. Os conselhos especiais operam fora da cadeia de comando do Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês). “Nós vimos o que aconteceu durante o governo Nixon, quando o presidente Richard Nixon tentou encontrar alguém que demitiria o conselho especial, e isso não acabou muito bem”, disse a senadora à CNN. Ela se referia ao incidente de 1973, no qual o procurador-geral e o vice-procurador-geral renunciaram a ordem do presidente de demitir o conselheiro especial que investigava o escândalo do Watergate. Nixon, mais tarde, foi forçado a renunciar ao cargo de presidente.
Lindsey Graham pediu que Mueller investigasse os relatos de que Trump teria tentado demiti-lo. Democratas também disseram que o presidente estaria agindo de forma inaceitável e que, caso demitisse Mueller, cruzaria uma linha vermelha.
Os republicanos se mostraram divididos neste domingo sobre se o Congresso deveria aprovar uma legislação que teria como objetivo a proteção de Mueller. Graham apresentou um projeto de lei em agosto que asseguraria que qualquer ação do DoJ para remover um conselheiro especial do cargo teria que ser revisada por um painel de juízes federais. Neste domingo, ele voltou a afirmar que estava pronto para apresentar o projeto bipartidário imediatamente. “Eu acho que seria bom ter uma legislação que proteja todos os conselheiro especiais”, disse.
A senadora Susan Collins concordou, comentando que ela tinha algumas preocupações sobre “questões constitucionais”, mas que “certamente não faria mal colocar essa salvaguarda adiciona, tendo em vista as últimas históricas”.
No entanto, o líder republicano na Câmara, deputado Kevin McCarthy (Califórnia), disse que essa legislação, neste momento, é desnecessária. “Não acredito que exista uma necessidade de legislação neste momento para proteger Mueller”, disse McCarthy à NBC. Ele ainda afirmou que tem confiança no trabalho de Mueller.
(Com Estadão Conteúdo)