“Foi um dia incrível”, bradou Donald Trump em Palm Beach, na Flórida. Superlativo como sempre, ele comemorava a coleção de vitórias na chamada “Superterça”, 5 de março, data em que quinze estados americanos votaram para escolher quem serão os candidatos republicano e democrata a se digladiar pela Casa Branca em novembro. O magnata irascível arrastou delegados em catorze estados — sua única rival dentro do Partido Republicano, Nikki Haley, superou-o apenas em Vermont. Trump tem agora 1 031 votos assegurados para a convenção de junho. Faltam-lhe 184, mera formalidade. Haley, rápida como um cometa, jogou a toalha depois dos resultados e abandonou a disputa. O mandachuva de cabelos alaranjados corre sozinho — e voltará a enfrentar o presidente Joe Biden, que o derrotou em 2020. Foi mesmo um dia incrível para ele, embora não tenha sido para metade dos Estados Unidos e do mundo, que teme seu retorno. Na véspera, os juízes da Suprema Corte, por unanimidade, decidiram que seu nome não pode ser excluído das cédulas por ter cometido “insurreição” e apoio à vexaminosa invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, como haviam determinado o Colorado, o Maine e Illinois. O veredicto vale para todo o país, ainda que alguns estados voltem a levar a questão ao tribunal. Trump e seu movimento, o Make America Great Again (MAGA), estão vivíssimos. Pesquisa recente aponta 52% das intenções de voto para ele, contra 48% de Biden. A história pode vir a se repetir como farsa.
Publicado em VEJA de 8 de março de 2024, edição nº 2883