Remédios para reféns israelenses e palestinos chegam a Gaza após acordo
Acredita-se que ainda haja 105 pessoas vivas detidas pelo Hamas; palestinos sofrem com crise de saúde e fome
O Catar, que mediou um acordo entre Israel e Hamas para enviar remédios a reféns israelenses e aos palestinos em Gaza, afirmou na noite de quarta-feira 17 que os carregamentos chegaram ao enclave. O pacto, anunciado na terça-feira, prevê a entrega de medicamentos aos cativos do grupo terrorista, em troca de remédios e ajuda humanitária aos civis palestinos.
“Nas últimas horas, medicamentos e ajuda entraram na Faixa de Gaza, na implementação do acordo anunciado ontem para o benefício dos civis na Faixa, incluindo reféns”, escreveu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, no X, antigo Twitter.
“O Catar, juntamente com os seus parceiros regionais e internacionais, continua os esforços de mediação a nível político e humanitário”, ele completou.
O acordo
Os medicamentos saíram da capital catari, Doha, na quarta-feira e seguiram para o Egito antes de serem transportados para Gaza, segundo o governo do Catar.
Osama Hamdan, um funcionário da ala política do Hamas que mora no Líbano, disse que o acordo dependia da existência de remédios suficientes para os civis palestinos, além dos reféns israelenses.
O grupo terrorista palestino estipulou que, por cada caixa de medicamentos dada aos reféns, os palestinos em Gaza devem receber mais 1.000 caixas.
Os reféns
O acordo ocorre após apelos de familiares dos reféns ainda detidos em Gaza. Se passaram mais de três meses desde que os militantes do Hamas atacaram Israel, em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e sequestrando mais de 250. Israel acredita que 132 reféns ainda estão na Faixa, 105 dos quais estão vivos.
O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, um grupo de defesa das famílias das vítimas, afirma que pelo menos um terço dos reféns tem doenças crónicas e necessita de medicamentos, acrescentando que “outros sofrem de doenças relacionadas com as duras condições de cativeiro, que incluem doenças mentais e tortura física.”
Os palestinos
Desde o fim de um cessar-fogo de uma semana em novembro, Israel intensificou as suas operações militares no enclave sitiado, onde pelo menos 24.400 pessoas foram mortas, incluindo mais de 10.000 crianças, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
A grave escassez de medicamentos e suprimentos médicos em Gaza levou à realização de operações em crianças sem anestesia, segundo a Unicef. Nesta semana, o chefe de ajuda emergencial das Nações Unidas, Martin Griffiths, disse que 400.000 habitantes correm risco de morrer de fome e inanição.
Além disso, quase 90% da população de Gaza, de 2,2 milhões antes da guerra, foram deslocados internamente, segundo as Nações Unidas, enquanto apenas uma dúzia dos sobrecarregados hospitais do enclave continuam funcionando.