Rejeição a presidente do Chile sobe de 38% para 63% em um ano
Governo de direita enfrenta questionamento a seu projeto de reforma da Previdência; confiança na Igreja desmorona de 31% para 8%
A rejeição ao governo do presidente do Chile, Sebastián Piñera, subiu para de 38% para 63% no primeiro ano de mandato, enquanto sua aprovação despencou de 44% para 27%, segundo pesquisa de opinião realizada pela consultoria CERC-Mori. O líder de direita enfrenta questionamentos da população às instituições políticas do país e às reformas que impulsionou, entre as quais a da Previdência Social.
Para 73% dos chilenos, o governo de Piñera atende apenas a uma minoria. Em abril do ano passado, essa era a conclusão de 55%. A percepção de progresso do governo, que alcançava 43% em abril do ano passado, agora é de 31%. A de que o Chile caminha na direção correta caiu de 51% para 35% e a de que está no rumo equivocado subiu de 38% para 58%.
A CERC-Mori explicou que a perda de apoio ao governo foi mais acentuada entre os partidários mais próximos a Piñera, de classe alta e nível superior.
“A leitura destes dados sugere que apoiam o governo os que não querem perder a esperança em tempos melhores. Enquanto a direita tradicional está perdendo a expectativa de que este governo seja um governo deles”, informou o instituto chileno. “A semelhança entre a aprovação do governo e da oposição sugere que elas estão ligadas ao péssimo momento que a política e as instituições estão vivendo”, acrescentou.
A queda da população e da avaliação da gestão de Piñera se deve ao questionamento das instituições pelos chilenos e também aos projetos controversos de reformas da Previdência e tributária apresentados pelo governo ao Congresso. Os entrevistas também elencaram os temas mais problemáticos, ainda não equacionados: segurança, trabalho, corrupção, saúde e aposentadorias.
Mas a oposição também se vê debilitada diante da opinião pública. Atualmente, 58% dos chilenos a desaprovam e 22%, a aprovam. Dentre os consultados, 31% considera que a oposição tem mantido uma agenda destrutiva, e apenas 24% diz que sua atuação é construtiva.
A redução da confiança em instituições também foi acentuado no período. Nas Forças Armadas, houve queda de 54% para 33%. Na Igreja, que enfrenta escândalos de abuso sexual desde o ano passado, desmoronou de 31% para 8%. Nos partidos políticos, caiu de 15% para 5%. As pessoas consideradas menos confiáveis no Chile, de acordo com a pesquisa, são os bispos e sacerdotes, com apenas 6%.
A pesquisa também mostrou que as rádios chilenas têm a confiança de 53% da população, e os jornais, 38%, seguidos pelas televisões, com 37%. Os bancos têm 26% da confiança, e os sindicatos, 24%. Os juízes têm apenas 18%, e os militares perderam em confiança 10 pontos porcentuais desde 2012 – de 35% para 25%,
O levantamento, feito com 1.200 pessoas maiores de 18 anos em todo o país, de 4 a 19 de maio, e tem margem de erro de 3%.
(Com Reuters)