O rei Charles III, da Inglaterra, cancelou nesta sexta-feira, 24, uma visita de Estado a Paris, devido às greves e protestos em massa que ocupam todo o território francês.
Chales chegaria à França no domingo, 26, para sua primeira visita de Estado como monarca, antes de seguir para a Alemanha na quarta-feira, 29.
Em comunicado, o Palácio do Eliseu disse que a decisão de adiar a visita foi tomada pelos governos francês e britânico após uma conversa telefônica entre o presidente Emmanuel Macron e o rei Charles na manhã desta sexta-feira, dia seguinte a alguns dos maiores e mais coordenados protestos contra o governo francês.
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Revoltados com Macron, os franceses continuam manifestações nesta sexta-feira e planejam mais um dia de ação coordenada na próxima terça-feira, 28 – data que coincidiria com a visita real.
O comunicado do Palácio do Eliseu disse esperar receber o rei “em condições que correspondam às nossas relações amistosas” e que a visita seria remarcada “assim que possível”.
Mais de 450 manifestantes foram presos na quinta-feira, quando cerca de 300 manifestações atraíram mais de um milhão de pessoas em todo o país às ruas. O alvo da revolta é a reforma previdenciária de Macron, que contém a impopular medida de aumentar idade de aposentadoria de 62 para 64 anos.
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Sindicatos disseram que mais de 3 milhões de pessoas foram às ruas para protestar contra a reforma, que foi aprovada como lei na semana passada sem votação no parlamento, por meio de uma manobra constitucional.
O presidente e sua esposa, Brigitte, planejavam um banquete para Charles e Camilla, a rainha consorte, no antigo palácio real de Versalhes. Depois, viajariam de trem para Bordeaux na terça-feira, para uma visita à fauna devastada pelos incêndios florestais do verão passado, antes de marcar a abertura do consulado britânico na cidade e visitar um vinhedo orgânico.
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Até quinta-feira, as autoridades francesas insistiam que a visita estava em pé, apesar de ameaças. Os opositores da reforma previdenciária teriam se recusado a – literalmente – estender o tapete vermelho ao monarca.
“Não faremos as montagens, os tapetes vermelhos ou outras bandeiras e decorações”, o poderoso sindicato CGT afirmou em comunicado.
Sandrine Rousseau, do partido de esquerda França Insubmissa, disse: “É mais importante ouvir os manifestantes do que estender o tapete vermelho para o rei”.