Faltando pouco mais de uma semana para as eleições em Israel, os pesquisadores Noam Rotem e Yuval Adam, da organização Big Bots Project, divulgaram nesta segunda-feira, 1º, um relatório mostrando as atividades de um grupo de contas nas redes sociais para difamar os oponentes políticos do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, e do partido deste, o Likud.
Realizada após uma campanha de financiamento coletivo, a pesquisa de Rotem e Adam concluiu que que existe uma rede formada por 154 contas com nomes falsos, além de outras 400 também suspeitas, que opera “através de manipulações, calúnias, mentiras e pela disseminação de rumores”. A estimativa é que 2,5 milhões de pessoas tenham sido impactadas – Israel possui 8,7 milhões de habitantes.
O relatório não encontrou vínculos diretos entre as contas, Netanyahu e o Likud. O filho do primeiro-ministro, Yair Netanyahu, e vários políticos ligados ao partido compartilharam, no entanto, em seus perfis pessoais algum conteúdo proeminente dessas contas. A pesquisa concluiu que as contas são supostamente controladas por pessoas físicas, o que dificulta a fiscalização e a punição por parte das empresas.
Segundo Rotem e Adam, desde que as eleições foram antecipadas em dezembro, a rede de contas publicou cerca de 130.000 tweets. Uma das contas analisadas publicou 2.856 vezes em 2019, com todas as mensagens propagando conteúdo favorável a Netanyahu ou repercutindo informações falsas contra seus adversários. No ano passado, ao longo do mesmo período, foram apenas dezesseis publicações.
Na avaliação dos pesquisadores, a rede funciona de forma sincronizada e foi mais ativa em momentos chave da campanha do primeiro-ministro. Em geral, com ataques a Benny Gantz, principal adversário de Netanyahu no pleito de 9 de abril. Um dos rumores recentes contra Gantz foi uma acusação de assédio contra uma colega de escola, que não se sustentou por falta de provas.
De acordo com o relatório, os indícios apontam a ligação das contas com Yitzhak Haddad, cidadão de Ashdod, no sul de Israel que se descreve como um “ativista disfarçado”, mas que nega receber recursos do Likud.
As eleições no país foram adiantadas em sete meses, devido a divergências dentro da base aliada do governo de Netanyahu no Knesset, o parlamento israelense.