O Partido Republicano do Povo (CHP), de oposição ao presidente da Turquia, Recep Erdogan, venceu as eleições para a prefeitura de Istambul, segundo confirmação da Suprema Corte Eleitoral do país nesta quarta-feira, 17.
O resultado da votação, realizada há mais de duas semanas, indicava desde o início uma vitória apertada do candidato oposicionista, mas foi contestado por aliados de Erdogan, que exigiam uma nova apuração. Eles acusavam a contabilização de 300.000 votos inválidos no pleito da maior cidade turca, onde a disputa e a contagem dos votos foram das mais acirradas da história do país.
Em um último esforço, o governista Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) também pediu para que os votos nulos fossem computados em vários distritos de Istambul. A Suprema Corte Eleitoral aceitou o requerimento, mas ele apenas reduziu de 23.000 para 14.000 votos a desvantagem do governista Binali Yildirim, consolidando a vitória de Ekrem Imamoglu, representante do CHP.
Ainda nesta quarta, o novo prefeito foi pessoalmente até o Palácio de Justiça de Çaglayan para receber a confirmação de seu mandato de cinco anos como chefe do Poder Executivo municipal. A presença de Imamoglu acabou promovendo um verdadeiro ato público, já que vários partidários e eleitores se dirigiram para a sede do Judiciário local, em mais uma comemoração do resultado das urnas.
A consolidação da derrota é um golpe duro para o governo Erdogan, em meio a sua primeira recessão econômica em dezesseis anos no poder. Com a vitória em Istambul, a oposição agora domina as três maiores cidades da Turquia, incluindo a capital Ancara. Sua vitória é vista como um sinal de reprovação popular da gestão de crise do presidente, que vem investindo em novas medidas autoritárias.
O CHP é uma coalizão recente, formada para aumentar a capitalização de votos dos turcos insatisfeitos. Em Ancara, o candidato da oposição, Mansur Yavaş, ganhou 50,9% dos votos e encerrou 25 anos de poder do AKP na capital da Turquia. Ainda no dia 31, Immaoglu já tinha agradecido o apoio de 16 milhões de eleitores turcos, apesar da ausência de oficialização.
A presença ostensiva de Erdogan nos comícios municipais e a cobertura midiática majoritariamente positiva angariaram 50% dos votos para o AKP em escala nacional, mas não foram suficientes para evitar as derrotas previstas nos maiores centros turcos. As alegações de interferência do partido no processo eleitoral e prisões de candidatos da oposição no sudeste de maioria curda pesaram contra os apoiadores do presidente.
Os resultados das eleições devem complicar os esforços do governo para combater a recessão da Turquia, que foi oficializada em fevereiro. A inflação do país já bateu os 20%, aumentando o custo de vida local.
(com EFE)