A pandemia de coronavírus fez o consumo de material descartável, como luvas, mascaras, talheres, pratos e embalagens (principalmente de comida) crescer consideravelmente. Se esses itens, por um lado estão, ajudando a impedir a proliferação do vírus, de outro, contribuem para poluir ainda mais os oceanos, que já vinham sofrendo com o depósito irregular desse tipo de material. Segundo a ONG Associação Internacional de Resíduos Sólidos. Máscaras e luvas de látex estão indo parar em praias remotas da Ásia todos os dias.
Um dos estudos mais detalhados sobre o tema foi realizado pelo Pew Charitable Trusts , um instituto de pesquisas independente. Publicado nesta quinta-feira, 23, o relatório alerta que a quantidade de resíduo plástico no oceanos pode triplicar nos próximos 20 anos. A pesquisa alerta que, se nenhuma ação for tomada, a quantidade de plástico depositada nos mares por ano aumentará de 11 milhões de toneladas para 29 milhões, deixando um acúmulo de 600 milhões de toneladas à deriva nos oceanos até 2040 – o peso é equivalente a três milhões de baleias azuis.
“A poluição plástica é algo que afeta a todos. Não é algo do tipo ‘o problema é seu, não meu’. Não é problema de um país. É problema de todos”, disse Winnie Lau, gerente sênior do Pew e coautora do estudo. “Piorará se não fizermos nada”, completa.
A quantidade de resíduo plástico produzido anualmente vem aumentando rapidamente desde 1950. Em 2017, foram fabricados 348 milhões de toneladas de plástico para as mais diversas aplicações. O número deve dobrar até 2040, estima o documento.
O plástico no oceanos pode sufocar golfinhos e tartarugas e matar baleias que acabam ingerindo sacolas e outros utensílios descartáveis. Mas o maior impacto está na decomposição do material. Os micro-plásticos – partículas invisíveis a olho nu – podem impactar a vida de micro organismos essenciais para o balanço ecológico dos mares, prejudicando cadeias alimentares inteiras.
Além de denunciar o problema, os cientistas e especialistas da indústria também apontam soluções que poderiam cortar em mais de 80% o volume projetado de plástico destinado aos oceanos: “Impedir a grande maioria do plástico de entrar no oceano requer reduzir o uso de plástico, encontrar substitutos para o plástico, melhorar as práticas de reciclagem, expandir a coleta de resíduos e garantir que as instalações de descarte impeçam o vazamento de plástico como uma medida transitória”, diz o relatório.
Mas os cientistas dizem que isso só será possível com engajamento da sociedade civil, dos governos e das empresas ao redor do mundo.
(com Reuters)