Putin manipulou ‘ego e inseguranças’ de Trump, diz ex-conselheiro dos EUA
HR McMaster afirma que ex-presidente americano rejeitava qualquer avaliação negativa feita sua própria equipe
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, explorou o “ego e as inseguranças” de Donald Trump para exercer um controle quase hipnótico sobre o ex-presidente e influenciar a política interna americana, afirma HR McMaster, ex-conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, em seu novo livro, de acordo com trechos obtidos pelo jornal britânico The Guardian e publicados nesta quarta-feira, 21.
Em At War With Ourselves: My Tour of Duty in the Trump White House, McMaster revelou os 457 dias em que serviu na Casa Branca e diz que Trump rejeitava qualquer avaliação negativa de Putin feita pela sua própria equipe, o que acabou levando a sua demissão. Segundo ele, Putin usava elogios para manipular Trump e afastá-lo dos conselheiros em Washington.
“Depois de mais de um ano neste cargo, não consigo entender o domínio de Putin sobre Trump”, escreveu McMaster, descrevendo uma conversa que teve com a sua esposa, Katie, após o envenenamento de Sergei Skripal, um antigo oficial de inteligência russo, e da sua filha, no Reino Unido, em março de 2018. Enquanto outros líderes ocidentais começaram a formular uma resposta firme ao ataque, Trump, segundo o livro, estava mais interessado em um artigo do New York Post com o título: “Putin elogia Trump e critica política dos EUA”.
Trump chegou a anotar um agradecimento no artigo e pediu a McMaster que o enviasse a Putin, que decidiu não enviar a mensagem. “Eu tinha certeza de que Putin usaria o recorte anotado de Trump para envergonhá-lo e dar cobertura ao ataque”, disse.
McMaster também descreve como Trump ficou obcecado por um relatório sobre interferência russa na eleição presidencial de 2016 a ponto de “discussões sobre Putin e a Rússia serem difíceis de ter”.
Apesar das críticas ao ex-presidente, McMaster insiste que se manteve apolítico durante o seu serviço, focando-se exclusivamente nos interesses dos Estados Unidos. O livro foi escrito, segundo ele, para “ultrapassar a hiperpartidarização e explicar o que realmente aconteceu”.