Em um pronunciamento neste sábado, 5, o presidente Vladimir Putin afirmou que as sanções que estão sendo aplicadas por países do Ocidente à Rússia são como uma declaração de guerra. Ele participou de uma conferência em que respondeu perguntas de pilotos mulheres e comissárias de bordo da companhia aérea russa Aeroflot.
“Essas sanções que estão sendo impostas são como uma declaração de guerra, mas graças a Deus não chegou a isso”, disse o presidente russo, em Moscou. Ele voltou a afirmar também que a ação militar está seguindo como o planejado — rebatendo os analistas do Ocidente que apontam erros na estratégia da Rússia —, e disse que seu objetivo é desmilitarizar a Ucrânia.
Putin também disse que se outros países tentarem impor uma zona de exclusão aérea na Ucrânia estarão entrando no conflito. A Otan, aliança militar de países ocidentais, já descartou essa medida.
“Qualquer movimento nessa direção será considerado por nós como participação em um conflito armado”, disse Putin. “A implementação desta exigência está associada a consequências colossais e catastróficas não só para a Europa, mas para todo o mundo”, acrescentou.
Na sexta-feira, 4, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, havia criticado a decisão da Otan, aliança militar ocidental, de não estabelecer uma zona de exclusão aérea no seu país, sob invasão russa desde 24 de fevereiro.
“Hoje, a liderança da Aliança deu sinal verde para a continuação do bombardeio de cidades ucranianas, recusando-se a estabelecer uma zona de exclusão aérea”, afirmou Zelenski em vídeo divulgado pela presidência ucraniana.
“Durante nove dias assistimos a uma guerra brutal. Estão destruindo nossas cidades. Eles estão bombardeando nosso povo, nossas crianças, bairros residenciais, igrejas, escolas. E eles querem continuar. Sabendo que novos ataques e baixas são inevitáveis, a Otan decidiu deliberadamente não fechar os céus sobre a Ucrânia”, continuou.
Cessar-fogo
O governo da Rússia anunciou neste sábado, 5, um cessar-fogo de cinco horas para possibilitar retirada de civis e chegada de alimentos e medicamentos através de corredores humanitários a partir das cidades de Mariupol e em Volnovakha. Mas as autoridades ucranianas acusam Moscou de não cumprir a promessa.
As autoridades da cidade de Mariupol disseram que a retirada de civis foi adiada porque militares russos não estariam respeitando a trégua. De acordo com agências de notícias, os moradores foram orientados a aguardar mais informações sobre a retirada em abrigos.
O governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, afirmou que evacuação havia sido adiada. “Devido ao fato de que os russos não observam o regime de silêncio e continuam bombardeando Mariupol e seus arredores, por razões de segurança, a evacuação da população foi adiada”, disse ele.
Iryna Vereshchuk, a ministra ucraniana de Reintegração de Territórios Ocupados Temporariamente, disse que as forças russas estariam aproveitando para avançar com suas tropas. Nossos militares informam que na área da rota declarada [do corredor de evacuação] as tropas russas estão usando o cessar-fogo e avançando”, disse Vereshchuk.
A Cruz Vermelha disse que a evacuação não deve acontecer neste sábado. “Continuamos em diálogo com as partes sobre a passagem segura de civis de diferentes cidades afetadas pelo conflito. As cenas em Mariupol e em outras cidades hoje são de partir o coração. Qualquer iniciativa das partes que dê aos civis uma trégua da violência e permita que eles partam voluntariamente para áreas mais seguras é bem-vinda”, disse.