O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira, 12, que a operação militar da Rússia na Ucrânia alcançaria o que ele chamou de “objetivos nobres”. Justificando a guerra, o líder do Kremlin afirmou que está tentando salvar pessoas no país vizinho e proteger a própria nação de “forças anti-Rússia”.
“Por um lado, estamos ajudando e salvando pessoas e, por outro, estamos simplesmente tomando medidas para garantir a segurança da própria Rússia”, disse o presidente russo. “Está claro que não tivemos escolha. Foi a decisão certa.”
Discursando em uma cerimônia no Cosmódromo de Vostochny (novo centro espacial russo), Putin disse ainda que a principal meta da intervenção de Moscou é salvar pessoas na região do Donbass, no leste da Ucrânia. O território abrange as cidades de Luhansk e Donetsk, onde separatistas apoiados por Moscou combatem forças ucranianas desde 2014. Dias antes do início da guerra, a Rússia reconheceu as duas cidades como repúblicas independentes.
O presidente russo aproveitou o evento para exaltar o sucesso do programa espacial soviético. Tentando minimizar os efeitos das severas sanções econômicas impostas pelo Ocidente à Rússia, Putin comemorou o feito do cosmonauta russo Iuri Gagarin, primeira pessoa a viajar para o espaço, cuja viagem completa 61 anos hoje.
“As sanções foram totais, o isolamento foi completo, mas a União Soviética ainda era primeira no espaço”, disse o líder russo.
Enquanto Putin defendia sua operação militar, civis fugiam de uma nova ofensiva russa no leste da Ucrânia. O governador de Luhansk, Serhiy Gaidai, pediu aos moradores que evacuassem a cidade o mais rápido possível usando corredores humanitários.
Em Mariupol, cidade portuária que se tornou símbolo da destruição provocada pela guerra, o prefeito estima que mais de 20 mil civis morreram desde o início do confronto.
A ONU segue classificando a guerra na Ucrânia como a pior crise de refugiados já sofrida pela Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O número de pessoas que deixaram a Ucrânia em direção a outros países por causa da invasão russa chegou a 4,32 milhões.
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O presidente Volodimir Zelenski acusou Moscou de “genocídio” na cidade de Bucha, onde centenas de corpos foram encontrados nas ruas. Na segunda-feira, 11, o chefe de Estado ucraniano voltou a levantar suspeitas de que a Rússia estaria usando armas químicas no combate.
Poucos dias depois da revelação das mortes em Bucha, a Assembleia Geral das Nações Unidas votou pela suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos, sediado em Genebra, citando graves violações.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, nega as acusações e denunciou um suposto esquema de “montagens” e falsificações de imagens do suposto massacre em na cidade ucraniana.
Os Estados Unidos e o Reino Unido disseram que estão analisando as acusações de uso de armas químicas, mas já alertaram que esse tipo que esse tipo de escalada do conflito levaria a medidas ainda mais duras contra as forças russas.