O presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou nesta terça-feira, 21, os planos do Reino Unido para fornecer munições equipadas com urânio empobrecido para tanques da Ucrânia. Segundo ele, os militares russos vão ser forçados a “responder de acordo”.
“Se tudo isso acontecer, a Rússia terá que responder de acordo, dado que o Ocidente coletivamente já está começando a usar armas com componente nuclear”, disse Putin após a sua reunião com o líder chinês, Xi Jinping, em Moscou.
Apesar do presidente não ter entrado em detalhes, políticos e comentaristas russos já fizeram diversos comentários afirmando que, caso necessário, Moscou poderia utilizar o seu arsenal nuclear na guerra na Ucrânia. O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse que a decisão britânica torna uma “colisão nuclear” entre a Rússia e o Ocidente cada vez mais próxima.
“Outro passo foi dado e restam cada vez menos”, disse Shoigu. “Naturalmente, a Rússia tem algo para responder a isso.”
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O Reino Unido confirmou que vai enviar munições perfurantes que contêm urânio empobrecido para os aliados ucranianos. Na segunda-feira 20, a ministra da Defesa britânica, Baronesa Annabel Goldie, afirmou que “essas munições são altamente eficazes para derrotar tanques modernos e veículos blindados”.
Anteriormente, um representante do Kremlin já havia alertado que a Rússia considerava o uso de urânio empobrecido na Ucrânia como uma “bomba suja” – uma arma que combina material radioativo com explosivos convencionais.
“Se Kiev receber tais projéteis para equipamentos militares pesados da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], consideraremos isso como o uso de bombas nucleares sujas contra a Rússia com todas as consequências resultantes”, disse Konstantin Gavrilov, oficial do Kremlin.
Devido à sua densidade e propriedades físicas, o urânio empobrecido facilita a penetração das munições em blindados. Porém, o uso da substância também aumenta o risco de câncer e doenças congênitas para quem entra em contato com seus vestígios.
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Cientistas acreditam que os efeitos das munições radioativas podem ser sentidos muito depois dos conflitos. Parte do urânio empobrecido pode ficar armazenado na poeira e entrar no corpo humano pela respiração, indo diretamente para o pulmão ou outros órgãos vitais.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificou a situação como “cenário da Iugoslávia”, afirmando que a munição causa câncer e infecta o meio ambiente.