A presidência da África do Sul disse nesta quarta-feira, 19, que o presidente russo, Vladimir Putin, não comparecerá à cúpula do Brics, que reunirá as economias emergentes na África do Sul em agosto. Segundo comunicado, a decisão ocorreu “por acordo mútuo”.
A Rússia será representada por seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, na reunião de Joanesburgo, ao lado dos líderes do Brasil, Índia, China e África do Sul, informou o texto.
A África do Sul estava em uma posição difícil. Em março, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra Putin, acusando-o de crimes de guerra por deportar crianças ucranianas ao território russo de forma ilegal. Como sede do encontro e membro do TPI, Joanesburgo teoricamente precisaria deter o chefe do Kremlin para enviá-lo ao julgamento em Haia, caso entrasse em seu território.
Moscou, por sua vez, disse que o mandado não tem respaldo legal, já que a Rússia não é membro do TPI. Tampouco escondeu um programa por meio do qual trouxe milhares de jovens da Ucrânia para seu país, mas alardeia os feitos como uma campanha humanitária para proteger órfãos e crianças abandonadas na zona de guerra.
Um documento de um tribunal local, publicado na terça-feira 18, mostrou que o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa pediu permissão ao TPI para não prender Putin, porque isso equivaleria a uma declaração de guerra contra a Rússia.
Nesta quarta-feira, o Kremlin negou que a Rússia ameaçou a África do Sul com “guerra” caso cumprisse o mandado de prisão do TPI. O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse a repórteres, no entanto, que todos os envolvidos na negociação “entenderam” que isso seria, sim, uma tentativa de infringir os direitos do líder russo.
A África do Sul diz ser neutra no conflito com a Ucrânia, mas tem sido criticada pelas potências ocidentais por ser aliada da Rússia, com laços históricos com Ramaphosa e seu partido, o Congresso Nacional Africano.