O presidente russo, Vladimir Putin, assinou nesta sexta-feira, 29, a extensão do tratado de desarmamento nuclear New START, após negociações concluídas nesta semana com o presidente americano, Joe Biden, para salvar o pacto.
“Vladimir Putin assinou a lei federal sobre a ratificação do acordo para a extensão do tratado entre a Rússia e os Estados Unidos, sobre medidas para reduzir e limitar as armas estratégicas ofensivas”, afirmour o Kremlin em comunicado.
A Casa Branca e o Kremlin anunciaram na quarta-feira 27 que o acordo, cuja data de validade era fevereiro deste ano, vai vigorar até 2026. A prorrogação sugere uma melhora no diálogo entre Washington e Moscou, uma semana após a chegada de Biden ao poder – embora os dois países já tenham alertado que continuarão firmes em seus interesses nacionais.
O Strategic Arms Reduction Treaty (Tratado de Redução Estratégica de Armas), assinado em 2010, limita os arsenais de ambos a 1.550 ogivas cada um, ou seja, 30% a menos do que o fixado em 2002, e a 800 lançadores e bombardeiros pesados.
O número, no entanto, ainda é suficiente para destruir a Terra várias vezes. O texto também não impede o desenvolvimento de novas armas nucleares, o que tem provocado tensão entre as potências.
Em 2018, o governo americano abandonou um tratado de 1987 que proibia mísseis nucleares de alcance intermediário. Na prática, o tratado era uma garantia de que os Estados Unidos não ameaçassem a Rússia com armas nas bases europeias da Otan. O país, na época sob comando de Donald Trump, alegou que um novo míssil nuclear do Kremlin, o Burevestnik, apesar de não ser tecnicamente de médio alcance, podia percorrer as mesmas distâncias da categoria.
Além de carregar uma ogiva nuclear, o Burevestnik é movido por um reator nuclear. Ou seja, é capaz de voar por tempo indeterminado: pode ficar no ar durante anos, sobrevoando todo o planeta, até iniciar sua trajetória final e atacar o alvo. Apesar de ainda estar em fase de testes, ele não é vetado pelo New START.
Por outro lado, o acordo prorrogado não impede a expansão da Otan, cujos 30 membros podem construir bases cada vez mais perto das fronteiras russas – armadas de mísseis de médio alcance.
Moscou está em vantagem tecnológica, e Washington tem mais poder geopolítico. A prorrogação do New START não aborda a problemática – talvez pior, esconde a problemática.
(Com AFP)