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Protestos crescem na França após policial ser acusado de matar jovem

Incidente alimentou queixas antigas sobre violência e racismo sistêmico na polícia francesa; pelo menos 150 pessoas foram presas nas manifestações

Por Da Redação
29 jun 2023, 08h57

Depois que um policial foi formalmente acusado de matar um adolescente a tiros em Nanterre, um subúrbio de Paris, protestos antes lá concentrados se espalharam por toda a França na madrugada desta quinta-feira, 29. Pelo menos 150 manifestantes foram presos, que expressaram alto nível de revolta ao colocar fogo em dezenas de carros.

Segundo o ministro do Interior, Gerald Darmanin, na noite de terça-feira 27 para quarta-feira 28, 24 policiais ficaram feridos e 40 carros foram incendiados. As forças de segurança mobilizaram 2 mil policiais extras para as manifestações da noite de quarta-feira que, durante a madrugada, detiveram 150 pessoas.

O presidente francês, Emmanuel Macron, realizou uma reunião de crise com ministros de alto escalão sobre a morte do jovem de 17 anos nas mãos de um policial, incidente que alimentou críticas de longa data sobre violência e racismo sistêmico dentro das agências policiais.

As queixas vêm, principalmente, de grupos de direitos humanos nos subúrbios de baixa renda e racialmente diversos, que circundam as principais cidades da França.

O incidente que levou à morte do menino, identificado como Nahel, ocorreu em Nanterre, na periferia oeste de Paris. O promotor local informou que o policial envolvido está sob investigação formal por homicídio voluntário.

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De acordo com o sistema legal da França, ser colocado sob investigação formal é o mesmo que ser oficialmente acusado de um crime.

“Com base nas evidências coletadas, o promotor público considera que as condições legais para o uso da arma não foram atendidas”, disse Pascal Prache, o promotor, em entrevista coletiva.

Na quarta-feira, Macron disse que a situação era “injustificável”. Mas, ao convocar sua reunião de emergência, ele também condenou os protestos.

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“As últimas horas foram marcadas por cenas de violência contra delegacias de polícia, mas também escolas e prefeituras e, portanto, instituições da República. Essas cenas são totalmente injustificáveis”, disse o presidente ao abrir a reunião de emergência.

Um vídeo compartilhado nas redes sociais, cuja veracidade foi confirmada por órgãos independentes, mostra a cena do tiro. Depois de dois policiais pararem um carro Mercedes AMG em uma blitz, por supostamente ter acabado de violar leis de trânsito, um deles atira contra motorista adolescente à queima-roupa, enquanto ele tentava fugir da verificação.

Ele morreu pouco depois devido ao ferimento de bala no peito, disse o promotor local.

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O adolescente, jovem demais para ter uma carteira de motorista completa na França, estava dirigindo ilegalmente, disse uma fonte familiarizada com a investigação à agência Reuters. O promotor de Nanterre confirmou que o jovem não cumpriu uma ordem de parada no trânsito, e também não obedeceu às ordens dos policiais.

Além de Nanterre, a polícia também entrou em confronto com manifestantes na cidade de Lille e em Toulouse, e houve protestos em Amiens, Dijon e em vários distritos da região metropolitana de Paris.

A revolta reavivou cenas de 2005, quando a França entrou em convulsão por três semanas e o então presidente Jacques Chirac declarou estado de emergência. Naquela época, dois jovens foram eletrocutados em uma subestação de energia enquanto se escondiam da polícia no subúrbio parisiense de Clichy-sous-Bois. Dois policiais foram absolvidos em um julgamento dez anos depois.

O assassinato de terça-feira foi o terceiro tiroteio fatal durante paradas de trânsito na França nesta ano até agora. No ano passado, o número de incidentes como esse bateu recorde de 13. De acordo com uma contagem da Reuters, houve três desses assassinatos em 2021 e dois em 2020, e a maioria das vítimas desde 2017 eram negras ou de origem árabe.

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