Em visita à Ucrânia nesta semana para investigar acusações de supostos crimes de guerra cometidos por tropas russas, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, passou pelas cidades de Bucha e Borodyanka, ao norte do país, onde recentemente foram descobertos centenas de corpos de civis em valas comuns.
“A Ucrânia é uma cena de crime. Estamos aqui porque temos motivos razoáveis para acreditar que crimes dentro da jurisdição do TPI estão sendo cometidos”, disse Khan.
Após a retirada das tropas russas de Bucha, no início de abril, a Procuradoria Geral da Ucrânia divulgou que 410 corpos foram encontrados nas ruas, com sinais de terem sido sumariamente executados. As vítimas estariam trajando roupas civis e muitas estavam com as mãos atadas.
Na quarta-feira, 13, Khan se encontrou com a procuradora-geral ucraniana Iryna Venediktova, em Kiev, para cooperar em uma investigação independente do TPI e reafirmar o compromisso na “prestação de contas dos crimes cometidos na Ucrânia”.
Além da procuradora-geral, também estavam presentes o primeiro-pinistro ucraniano, o ministro da Defesa, o ministro da Justiça, o ministro do Interior e o vice-chefe do gabinete presidencial.
Na reunião, o primeiro-ministro, Denys Shmyhal, alegou que a Rússia vem cometendo crimes de guerra em massa e crimes contra a humanidade na Ucrânia desde 2014, época da anexação da península Crimea pela Rússia. Mencionou também o ataque com mísseis na estação ferroviária de Kramatorsk e os crimes em Mariupol “que a Rússia está tentando esconder”.
Segundo Volodymyr Zelensky, os especialistas do TPI já estão em Bucha, investigando os supostos crimes. Em março, a pedido de 42 países, o Tribunal Penal Internacional anunciou que faria uma investigação sobre crimes de guerra após a invasão da Ucrânia pela Rússia.