A Alemanha deu a largada nesta terça-feira, 21, do julgamento de Heinrich XIII de Reuss, príncipe de 72 anos que é acusado de liderar a conspiração que o teria alçado a chefe de Estado da Alemanha. De acordo com os promotores, ele era líder de um movimento de extrema direita cujo objetivo era restaurar o Reich, ou império alemão.
Outras oito pessoas são acusadas de envolvimento no plano que buscava derrubar o governo alemão e também serão julgadas no tribunal de Frankfurt, incluindo a ex-juíza Birgit Malsack-Winkemann.
Disparada dos crimes de extrema direita
O julgamento começa no mesmo dia que o Ministério do Interior da Alemanha divulgou um relatório que revelou aumento de 23,21% nos crimes motivados pela ideologia de direita no ano de 2023, em comparação ao ano anterior.
De acordo com o documento, 28.945 casos de crimes desse tipo foram registrados no ano passado, com destaque para os crimes de propaganda, insultos, danos à propriedade, incitação de ódio, ameaças e violações de regras.
Também ocorreu um aumento de 11,48% em relação aos crimes motivados pela ideologia de esquerda no ano passado, com um total de 7.777 crimes. Em relação aos crimes violentos, tanto o espectro da direita e quanto o da esquerda registraram aumento semelhante, de 8,55% e 8,79%, respectivamente.
A publicação do relatório ocorre após uma série de ataques de extrema direita direcionados a políticos alemães nas últimas semanas, incluindo a hospitalização de um membro do Parlamento Europeu, Matthias Ecke, que foi agredido por um grupo de quatro pessoas.
Ascensão da AfD
Muitos políticos alemães associaram o aumento desse tipo de crime à maior propensão para a violência política no país, que estaria conectada à ascensão do partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha). Nas últimas pesquisas de opinião nacionais, a sigla aparece apenas em segundo lugar, evidência da insatisfação com o governo do chanceler Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata.
No entanto, a legenda parece ter perdido força depois de relatos de que alguns de seus membros estavam cogitando a possibilidade de deportar cidadãos alemães “não étnicos” (numa espécie de volta à eugenia do arianismo de Hitler), e também após a prisão de um assessor da AfD por suspeita de espionagem para a China.