O principal rabino da Argentina, Gabriel Davidovich, foi agredido e seriamente ferido por sete homens que invadiram sua casa durante a madrugada desta segunda-feira 25, em Buenos Aires, de acordo com a Associação Mutual Israelita da Argentina (AMIA). A comunidade judaica da Argentina é composta por cerca de 190.000 pessoas e é a maior da América Latina.
De acordo com a associação, os criminosos entraram às 2 horas da manhã na casa de Davidovich, onde sua mulher também estava. Antes de atacá-lo e de roubar dinheiro e pertences gritaram: “Sabemos que você é o rabino da AMIA”.
O ataque foi denunciado como um “ato antissemita” por Jorge Knoblovits, presidente da Delegação das Associações Israelitas Argentinas (DAIA).
“No mundo há muito espaço para a ignorância e onde há ignorância, há espaço para os antissemitas”, lamentou Knoblovits, acrescentando que o roubo “foi uma desculpa”. “Embora não oferecesse resistência, ele foi jogado no chão e fraturou nove costelas, afetando um pulmão, e deixaram seu rosto desfigurado”, disse o chefe do DAIA.
As autoridades argentinas abriram uma investigação para identificar os agressores. O episódio acontece depois de nove túmulos do cemitério judeu da cidade argentina de San Luis (centro-oeste do país) terem sido profanados durante o fim de semana, segundo informou a DAIA.
A Conib, Confederação Israelita do Brasil, condenou veementemente o ataque contra Davidovich em comunicado. “O antissemitismo está crescendo no mundo. É preciso tomar medidas enérgicas e eficazes para detê-lo e levar à Justiça todos os casos de intolerância. É preciso conter essa escalada o quanto antes, pois já sabemos aonde essas coisas podem levar”, declarou o presidente da organização, Fernando Lottenberg.
No último relatório anual da DAIA, divulgado em setembro passado, foi constatado crescimento de 14% nos atos antissemitas no país, “com a maior parte registrada nas redes sociais”.
Atos contra judeus também foram verificados nas duas últimas semanas na França, onde várias paredes foram pichadas, com mensagens antissemitas, e suástica apareceu sobre um retrato de Simone Veil, ex-ministra francesa e sobrevivente do Holocausto.
Há uma semana, milhares de pessoas se reuniram em toda França para denunciar o aumento do antissemitismo no país, horas depois de cerca de 80 sepulturas serem profanadas em um cemitério judeu nas proximidades de Estrasburgo.
Na Argentina, na década de 1990, dois grandes atentados contra alvos ligados à comunidade judaica foram realizados no país. O primeiro, contra a embaixada de Israel, em 1992. O outro, contra a sede da AMIA, em 1994, que deixou 85 mortos. Desde então, apenas ações isoladas foram registradas.
(Com AFP)