Dezenas de influencers foram enviados a Washington, capital dos Estados Unidos, nesta quarta-feira, 22, para participar de uma campanha a favor do TikTok em frente ao Capitólio. A medida acontece um dia antes de Shou Zi Chew, diretor-executivo do aplicativo, comparecer para uma sabatina no Congresso americano.
A ação se dá em meio ao intenso escrutínio de autoridades americanas em relação ao aplicativo de compartilhamento de vídeos, de propriedade da empresa chinesa ByteDance. Os Estados Unidos acreditam que dados coletados pelo TikTok podem ser enviados para o governo chinês, que poderia usá-los contra os americanos, e, na semana passada, chegou a ameaçar banir a rede social caso ela não se torne independente de sua empresa-mãe.
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Como parte de uma campanha de relações públicas para evitar a possibilidade de um banimento, o aplicativo recorreu então a influencers que fazem sucesso na rede social. Com mais de 1,7 milhão de seguidores, a influenciadora de moda e beleza Janette Ok disse à Associated Press que o aplicativo oferece uma gama de oportunidades, como papéis na televisão e em comerciais. Ela relatou, ainda, que o TikTok enviou o convite há semanas e pagou por todas as despesas de viagem a Washington.
Durante o evento em Washington, outros produtores de conteúdo afirmaram que, por mais compreensível que sejam as preocupações de congressistas, precauções já estão sendo tomadas pelos executivos da empresa, como o plano de 1,5 bilhão de dólares (cerca de 5,2 bilhões de reais). Apelidado de Projeto Texas, o acordo encaminharia todos os dados recolhidos pelo TikTok nos EUA para um servidor em solo americano de propriedade e manutenção da gigante do software Oracle.
No ano passado, o Congresso americano aprovou uma proposta para banir o aplicativo dos telefones de funcionários do governo. A expectativa dos republicanos da Câmara é de que o aumento da pressão possibilitaria a criação de um projeto de lei que daria a Joe Biden, presidente dos EUA, o poder de proibir o aplicativo no território americano. Índia, Afeganistão e Indonésia já proibiram o TikTok em todo o país.
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Nesta quinta-feira, Chew planeja comunicar ao Congresso que a plataforma está comprometida com a segurança do usuário, mantendo-se distante das influências do presidente chinês, Xi Jinping. Segundo o diretor, a venda ou a proibição do aplicativo não seria de interesse americano, já que a decisão prejudicaria a economia local e “não imporia novas restrições aos fluxos de dados ou acesso”.
“Nenhuma outra empresa de mídia social ou plataforma de entretenimento como o TikTok oferece esse nível de acesso e transparência”, acrescentou.
A empresa, ainda de acordo com o diretor-executivo, já iniciou o processo de apagamento de dados de americanos que estejam em plataformas distintas à Oracle. Até o final do ano, todas as informações de cidadãos dos EUA serão protegidas por lei e controladas por uma equipe da inteligência americana.
Apesar do compromisso assumido pelo diretor-executivo, uma lei de inteligência nacional chinesa obriga que empresas locais forneçam dados ao governo em situações que afetem a integridade nacional, o que preocupa autoridades americanas.
No início de março, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que Washington está tentando impedir o país de se desenvolver no setor de tecnologia. Em resposta a uma pergunta sobre o TikTok, a porta-voz chinesa Mao Ning afirmou que os EUA querem consolidar sua própria hegemonia e levar o conceito de segurança nacional ao extremo.
“Quão inseguros de si mesmos podem ser os EUA, a maior superpotência do mundo, para temer tanto o aplicativo favorito de um jovem?”, afirmou a porta-voz do governo chinês.