O presidente do Peru, Martín Vizcarra, baixou o tom e afirmou na segunda-feira (17) aos líderes dos partidos do país que não deseja fechar o Congresso após ter proposto uma votação de moção de confiança sobre o seu próprio governo.
Vizcarra recebeu os representantes dos partidos no Congresso para dialogar sobre as reformas políticas e judiciais propostas por ele para resolver a crise de corrupção no país.
A parlamentar Marisol Espinoza, da Aliança para o Progresso (APP), disse que seu partido apoiará as reformas propostas por Vizcarra. Segundo ela, o presidente disse que não deseja fechar o Congresso caso seus projetos de lei não sejam aprovados.
O presidente anunciou ontem que proporá a votação de uma moção de confiança de seu governo para pressionar o Congresso a aprovar os projetos de lei para resolver a crise do país. Entre as medidas está a volta de um sistema legislativo bicameral – com um Senado e uma Câmara dos Deputados – e o fim da reeleição parlamentar.
As reformas estavam sendo bloqueadas pelo Força Popular, partido de Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, que tem maioria no Congresso peruano.
Se o Congresso rejeitar a moção de confiança proposta de Vizcarra, o presidente poderá, segundo a Constituição, fechar o parlamento e convocar novas eleições legislativas.
Espinoza disse que as lideranças partidárias se comprometeram a aprovar as reformas antes de 4 de outubro. Dessa forma, elas seriam submetidas a um referendo no próximo dia 9 de dezembro.
“Abrimos caminho para o voto de confiança para o primeiro-ministro Cesar Villaneuva”, disse Espinoza.
O governista Gilbert Violeta, do Peruanos pelo Kambio, disse que Vizcarra confirmou no encontro que nunca teve o objetivo de fechar o Congresso.
“Foi uma boa oportunidade para dialogar, construir consensos para que as reformas sejam uma realidade”, afirmou.
A porta-voz do Força Popular, Ursula Letona, afirmou que os projetos de Vizcarra estavam avançando bem nas comissões e que hoje foi aprovada, por unanimidade, a reforma no Conselho Nacional da Magistratura (CNM), que tem funções similares ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no Brasil, como a de melhorar a gestão e fiscalizar o Judiciário.
“Começamos o debate sobre a bicameralidade, mas ele ficou complicado por causa dos membros da bancada do governo”, disse.
A fujimorista Alejandra Aramayo afirmou que pediu a Vizcarra para ajudar a diminuir o nível de tensão nas ruas e parar de atacar o Congresso. A parlamentar faz referência aos protestos organizados contra os parlamentares por impedir as reformas do presidente para combater a corrupção.
Ao anunciar a decisão de propor a moção de confiança, Vizcarra acusou o Força Popular de boicotar e desvirtuar seus projetos de lei.
(Com EFE)