Um dia após a morte de um manifestante durante um protesto em Lima, a presidente peruana Dina Boluarte fez dois anúncios no domingo 29 com o objetivo de acalmar as manifestações contra ela: o adiantamento das eleições gerais deste ano e a esperada mudança da Constituição de 1993.
“Congressistas, vocês têm que entender sua responsabilidade histórica. Amanhã eles têm a oportunidade de conquistar a confiança do país, atendendo a essa demanda tão esperada pelo povo peruano. Vamos dizer a todo o Peru, com a maior responsabilidade: vamos todos embora”, afirmou em discurso ao Congresso da República.
Caso o pedido de adiantamento das eleições seja ignorado, Boluarte afirmou ter um plano B: uma proposta para “melhorar os níveis de legitimidade democrática da representação política do país”.
“Isso permitirá que a população se engaje institucionalmente, e não pela violência, por suas principais demandas na agenda política nacional”, declarou.
Para que as eleições sejam antecipadas, é preciso encurtar o mandato presidencial, assim como os dos representantes do Parlamento. O primeiro turno ocorreria em outubro e o segundo, em dezembro.
Já em relação à Constituição de 1993, promulgada durante o governo de Alberto Fujimori, o objetivo é “encerrar de vez o debate sobre a reforma”, que é “permanentemente usado por algumas forças políticas para minar qualquer solução democrática para a situação atual”.
A iniciativa vai ser submetida a um referendo e todas instituições do país poderiam contribuir para a reforma. Segundo Boluarte, a tarefa vai ser entregue para à Comissão de Constituição do próximo Congresso.
Boluarte foi a primeira mulher a assumir a presidência do Peru, sucedendo o ex-presidente Pedro Castilho, depois de uma tentativa frustrada de autogolpe em dezembro de 2022. A atual presidente enfrenta um período de convulsão social, com frequentes protestos pedindo a sua renúncia.