Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o presidente equatoriano, Lenín Moreno, explicou o motivo de ter retirado o asilo político de Julian Assange, o fundador da WikiLeaks, preso na última quinta-feira 11. Segundo ele, o australiano teria criado um “centro de espionagem” na embaixada do Equador em Londres, local onde foi preso.
O líder equatoriano afirmou, ainda, que o governo anterior ofereceu equipamentos que permitiram a Assange “interferir nos assuntos de outros Estados”. “Não podemos permitir em nossa casa, a casa que abriu suas portas, nos tornarmos um centro de espionagem. Essa atividade viola as condições de asilo”, acrescentou, assegurando que a decisão de retirar o asilo de Assange “não é arbitrária, mas se baseia no direito internacional”.
Moreno denunciou também a atitude “absolutamente repreensível e escandalosa” de Julian Assange na embaixada e seu “comportamento inapropriado em matéria de higiene”. Segundo Quito, Assange teria sujado as paredes com suas fezes — acusação que a advogada de Assange refuta.
O caso
Assange foi detido na quinta-feira 11 na embaixada do Equador em Londres, onde havia obtido asilo há sete anos para escapar de uma ordem de detenção britânica por acusações de estupro e agressão sexual na Suécia, que ele sempre negou. Apesar dos casos terem sido engavetados, promotores suecos sinalizaram uma possível reabertura do inquérito após o anúncio de sua detenção. A advogada do réu, Jennifer Robinson, afirmou que ele está disposto a cooperar com as autoridades suecas caso a reabertura aconteça.
O australiano de 47 anos também é alvo de um pedido de extradição dos Estados Unidos. No ano de 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 90.000 documentos confidenciais relacionados a ações militares de Washington no Afeganistão e cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque, em um dos maiores vazamentos de dados secretos da história.
Segundo a investigação, Assange teria conseguido os dados com a ajuda da ex-analista de inteligência do Exército dos Estados Unidos Chelsea Manning. Para a advogada do réu, a prioridade é evitar a extradição. “Julian nunca se preocupou em enfrentar a justiça britânica ou a justiça sueca”, disse Robinson. “Este caso é e sempre foi sobre sua preocupação de ser enviado para a injustiça americana”, completou.
O presidente equatoriano declarou ao The Guardian ter recebido “garantias escritas” de Londres de que Julian Assange não será extraditado a um país em que ele possa ser vítima de tortura, de maus tratos ou condenado à pena de morte.