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Presidente do Cazaquistão renuncia após 30 anos no poder

Nazarbayev foi o único líder da ex-URSS no cargo sem interrupção desde a dissolução do bloco, em 1991; Tokayev (ex-chefe do Senado) será seu substituto

Por Da Redação Atualizado em 20 mar 2019, 04h20 - Publicado em 20 mar 2019, 03h04
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  • O presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, anunciou, nesta terça-feira 19, sua renúncia após 30 anos à frente deste país da Ásia Central, rico em recursos naturais, mas que enfrenta um crescente descontentamento social. Kazim-Zhomar Tokayev, ex-presidente do Senado, foi confirmado nesta quarta como substituto na presidência do país.

    “Eu juro solenemente servir o povo do Cazaquistão, cumprir rigorosamente a Constituição, garantir os direitos e liberdade dos cidadãos e exercer fielmente as altas responsabilidades de presidente da República do Cazaquistão que me foram confiadas”, afirmou o novo líder Tokayev.

    Desde a morte do presidente autoritário do Uzbequistão, Islam Karimov, em 2016, Nazarbayev foi o único líder da ex-URSS no poder sem interrupção desde a dissolução do bloco, em 1991. “Tomei a decisão de renunciar ao mandato presidencial”, disse Nazarbayev, de 78 anos, em um pronunciamento transmitido pela televisão, assegurando que se trata de uma decisão “difícil”.

    No entanto, ele ainda terá poder político graças a uma lei votada em maio de 2018 que lhe concedeu um estatuto constitucional no Conselho de Segurança, cujas recomendações eram até agora apenas consultivas, e que autoriza Nazarbayev a dirigir essa instância até sua morte.

    À frente deste Conselho, ele passará a supervisionar as forças de segurança e manteria, de fato, seu poder sobre seu sucessor. Ele também permanecerá presidente do partido no poder, o Nur Otan.

    Também dispõe do título de “pai da nação”, que garante a imunidade judicial e um papel importante quando deixar a presidência.

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    “Nazarbayev não vai a lugar nenhum, ele estará no comando do país enquanto sua saúde permitir”, resumiu Andrei Grozin, diretor de estudos da Ásia Central no Instituto CIS, em Moscou.

    “Ele elaborou um bom plano: continuará liderando o país, simplesmente com um título diferente”, disse o analista independente Sergei Duvanov.

    “Terá todos os poderes, mas a pesada agenda presidencial (…) ficará para outro.”

    Por 30 anos, Nazarbayev exerceu controle total sobre o país. Ele chegou à presidência quando o Cazaquistão ainda era uma república soviética, em 1989, depois como primeiro secretário do Partido Comunista.

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    Desde então, manteve o poder após a independência em 1991. Ele foi reeleito várias vezes por maioria absoluta e nunca indicou claramente seu sucessor.

    A presidência interina permanecerá nas mãos do presidente do Senado, Kassym-Jomart Tokayev, de 65 anos. O atual mandato de Nazarbayev deveria terminar em março de 2020.

    “Ele é precisamente a pessoa a quem o governo do Cazaquistão pode ser confiado hoje”, declarou Nazarbayev em seu discurso, elogiando o presidente do Senado.

    O anúncio acontece menos de um mês depois da brusca dispensa do governo cazaque por Nazarbayev, que o responsabilizou por não ter conseguido diversificar uma economia muito dependente do petróleo.

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    Esse anúncio surpresa pôs fim ao mandato do primeiro-ministro Bakhytzhan Sagintayev, considerado como seu potencial sucessor após as eleições de 2020.

    O presidente prometeu medidas sociais no valor de bilhões de euros para responder ao crescente descontentamento da população, menos de um ano antes das próximas eleições presidenciais.

    O Cazaquistão, um país rico em petróleo e gás e o maior produtor mundial de urânio, tem uma área cinco vezes maior que a Espanha ou similar à Argentina, e é a maior economia da Ásia Central.

    Mas desde 2014 este país de 18 milhões de pessoas sofre com as consequências da queda dos preços dos hidrocarbonetos e da crise econômica na Rússia, sua aliada, que provocou a desvalorização de sua moeda, o tenge.

    (Com EFE e AFP)

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