Em cerimônia de posse, o novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, instou a China a “parar de intimidar” a ilha autogovernada por vias políticas e militares. Em discurso, o mandatário eleito em janeiro destacou que “Taiwan não faz concessões em matéria de democracia e liberdade” e que “a paz é a única opção”, em crítica ao desejo do governo de chinês de retomar o controle do vizinho — Pequim classifica Taipé como uma província rebelde e rejeita a separação entre os territórios. Ele também afirmou que a “era gloriosa da democracia” havia começado.
“Quero também exortar a China a parar de intimidar Taiwan política e militarmente e a assumir a responsabilidade global com Taiwan de trabalhar arduamente na manutenção da paz e da estabilidade através do Estreito de Taiwan, para garantir que o mundo não tenha medo de uma guerra estourar na região”, disse Lai.
O novo líder acrescentou que “Taiwan não faz concessões em matéria de democracia e liberdade” e que deseja promover “a paz e a estabilidade a longo prazo”. Ele ressaltou que “Taiwan já funciona como um país soberano e independente” na prática e, por isso, não há “nenhum plano ou necessidade” de declarar formalmente uma separação entre as nações.
Além disso, o presidente definiu os exercícios militares chineses nas proximidades da ilha como “o maior desafio estratégico para a paz e a estabilidade globais”. Em setembro do ano passado, a China argumentou que as operações tinham como objetivo “combater a arrogância” dos separatistas.
+ Vídeo: parlamentares de Taiwan sobem nas mesas do plenário e trocam tapas
Reação da China
Em resposta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, afirmou que “o impulso pela independência de Taiwan está destinado ao fracasso”. O recém-empossado presidente é filiado ao Partido Democrático Progressista (DPP), sigla que está no terceiro mandato e é tida como pró-independência pela China.
Em meio à corrida presidencial, Pequim definiu Lai como “encrenqueiro”, em razão da sua militância na juventude a favor da emancipação taiwanesa. Após sua vitória no pleito em janeiro, Pequim redobrou a intimidação contra a ilha com incursões militares nas suas águas e no seu espaço aéreo.
Além do fantasma chinês, Taiwan é assombrada pelo fraco crescimento econômico, baixos salários e pela ausência de moradia acessível para os jovens no início de carreira.
Frente à ameaça de Pequim, Lai prometeu dar continuidade aos planos de segurança da ex-presidente Tsai Ing-wen. Durante o mandato anterior, foram registrados gastos anuais com a defesa na casa de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 102 bilhões). Também foram adquiridos tanques de batalha e novos caças F-16, além do lançamento de uma frota de navios modernos com mísseis para patrulhar o Estreito de Taiwan.