Premiê dinamarquesa convoca reunião com CEOs após ameaça de Trump à Groenlândia
Republicano ameaçou tarifaço para pressionar concessão do território, arriscando guerra comercial; líderes da Lego, Pandora e fabricante do Ozempic participam

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, convocou uma reunião com líderes empresariais nesta quinta-feira, 16, para informá-los das “medidas adotadas” após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, se recusar a descartar o uso de força para tomar controle da Groenlândia na semana passada.
Trump, que será empossado em 20 de janeiro, afirmou que assumir o controle da gigantesca ilha que faz parte da Dinamarca há mais de 600 anos era uma “necessidade absoluta” para os Estados Unidos, e chegou a declarar que considera ações militares e econômicas para tomar o território (bem como o Canal do Panamá). O republicano também sugeriu a ideia de transformar o Canadá em um estado americano e prometeu mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América.
Em resposta à ameaça de Trump para coagir o governo dinamarquês a vender a Groenlândia com um tarifaço, Frederiksen disse que uma guerra comercial com Washington não é o melhor caminho a seguir para nenhum dos lados.
O CEO da fabricante dinamarquesa Novo Nordisk, Lars Fruergaard Jorgensen, responsável pelo popular Ozempic, o CEO da fabricante de joias Pandora, Alexander Lacik, e o CEO da fabricante de brinquedos Lego, Niels Christiansen, participarão da reunião convocada por Frederiksen na quinta-feira.
“É importante que tenhamos um diálogo bom e construtivo com a comunidade empresarial dinamarquesa. Em um momento de tensões geopolíticas, devemos buscar diálogo e cooperação”, disse o ministro do Comércio e Indústria, Morten Bodskov, acrescentando que a Dinamarca não se encontra em uma “crise diplomática”, mas que isso não significa que não poderia haver uma “se as palavras (de Trump) virarem ações”.
“Não estamos à venda”
A reunião ocorre um dia após a primeira-ministra da Dinamarca conversar com Trump por telefone. Ela disse ao presidente americano que cabe à própria Groenlândia, um território autônomo, decidir sobre uma possível independência e que seu país está disposto a fazer sua parte para fortalecer a segurança no Ártico.
A Groenlândia, onde vivem 57 mil pessoas, hoje controla a maioria de seus assuntos domésticos como um território semi-soberano sob o reino dinamarquês. Suas relações com a nação europeia têm se tornado cada vez mais tensas, devido a uma série de alegações de má gestão do território e maus-tratos à população local durante o domínio colonial.
Após as falas de Trump, o primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, reiterou que a ilha não está à venda e intensificou sua pressão pela independência do território.