O prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, foi condenado nesta quarta-feira, 14, a dois anos e sete meses de prisão por ter chamado os membros do conselho eleitoral supremo da Turquia de “tolos” em um texto encaminhado à imprensa em 2019.
A medida, que também inclui a proibição que Imamoglu exerça atividades políticas, foi descrita por ativistas como um esforço político para impossibilitar a participação da oposição ao atual governo nas eleições presidenciais da Turquia, que vão ocorrer em 2023. Imamoglu é visto como um forte adversário do presidente do país, Tayyip Erdogan.
Membro do partido social-democrata CHP, o prefeito não compareceu a nenhuma audiência de julgamento, mas entrou imediatamente com recurso contra a sentença. Como o recurso tem efeito suspensivo, Imamoglu pode continuar no cargo, mas sua participação ativa nas eleições seria prejudicada, já que ficaria sobrecarregado por audiências judiciais.
O gabinete do prefeito declarou que esta é uma tentativa de “privar o prefeito de Istambul de seus direitos políticos”. Em apoio, alguns manifestantes se aglomeraram nos arredores da prefeitura, portando bandeiras do país, e gritando palavras de ordem. Em seguida, Imamoglu discursou e afirmou que a “decisão é uma vergonha para o Judiciário turco”.
“É a expressão mais firme do fato de que o judiciário se transformou em um instrumento para punir os dissidentes. É a prova de que os governantes deste país não têm como objetivo trazer justiça e democracia ao país”, acrescentou o prefeito de Istambul, que sozinha representa 40% do PIB do país. “Não nos curvaremos a essa corrupção. Esses tipos de jogos não vão me atrapalhar – não vou ficar desanimado ou desistir”.
Além de Imamoglu, outros políticos citaram tentativas de repressão recentes. No início deste ano, o chefe da filial do CHP em Istambul, Canan Kaftancıoğlu, foi banido das atividades políticas e condenado a cinco anos de prisão após ter acusado a República e o atual presidente de roubo em um tweet.
O post foi considerado um insulto ao chefe de Estado e à nação. Em janeiro de 2023, um outro julgamento vai ocorrer em um tribunal turco, que vai decidir se o Partido Democrático do Povo (HDP), de maioria curda, vai ser banido da política.