Os Estados Unidos votam nesta terça-feira para escolher o prefeito de Nova York. O democrata Bill de Blasio, à frente do cargo desde janeiro de 2014, deve ser reeleito com folga, em um pleito no qual se espera baixa adesão da população e que recebeu pouca atenção da imprensa americana.
A disputa entre Blasio, a republicana Nicole Malliotakies e o candidato independente de esquerda Bo Dietl, foi ofuscada pelo atentado de Manhattan na semana passada, mas as razões para a falta de interesse público não se resumem a isso.
Quatro anos atrás, Blasio despontava como uma das promessas do Partido Democrata; contudo, apesar de encerrar seu primeiro mandato com bons índices de aprovação e tendo cumprido grande parte de suas promessas de campanha, não se firmou como uma estrela da política. A esse ítalo-americano de 1,97 metro de altura falta o carisma de seu antecessor, o empresário bilionário Michael Bloomberg, que ocupou o cargo por doze anos.
Mesmo sem despertar paixão entre os nova-iorquinos, a última pesquisa da Quinnipiac University, publicada no começo de outubro, revela que 61% dos votos serão de Blasio, contra 17% para Malliotakis e 8% para Dietl. A diferença é difícil de ser revertida, sobretudo depois do atentado, que colocou o prefeito diante das câmeras de todo o mundo.
Com 8,5 milhões de habitantes, um orçamento anual de 85 bilhões de dólares e 295.000 funcionários sob seu comando, diz-se que o prefeito da maior cidade dos Estados Unidos tem “o segundo posto mais difícil do país”, depois do presidente. Blasio, de 56 anos, foi primeiro prefeito democrata da cidade desde 1993 e tem um forte posicionamento anti-Trump, principalmente no que se refere às políticas anti-imigração do presidente.
Wall Street
“Blasio não é ruim, geralmente faz o que tem que ser feito”, avalia Kenneth P. Jackson, especialista em história de Nova York na Universidade de Columbia. No entanto, ao contrário de Bloomberg, o atual prefeito “não conseguiu convencer a elite financeira da cidade de que levava seus interesses a sério”. Blasio está mais perto de um crítico de Wall Street como Bernie Sanders do que de Hillary Clinton, embora ele tenha dirigido sua campanha ao Senado em 2000.
O político se martiriza pelo aumento do número de moradores de rua e defende “um imposto para os milionários”, sobretudo para modernizar um metrô cada vez mais arcaico. “Antes da minha chegada à prefeitura, foram tomadas muitas medidas para ajudar um pequeno número de nova-iorquinos, mais do que para responder às necessidades da maioria”, disse no sábado em uma entrevista.
Seus críticos reconhecem que o prefeito manteve sua principal promessa de 2013: abrir as escolas públicas da cidade para crianças a partir dos 3 anos, uma pequena revolução nos Estados Unidos, onde isso não é possível até os 5. E, contrariando as previsões, conseguiu baixar a criminalidade como seus antecessores Bloomberg e Rudy Giuliani – a cidade teve 242 assassinatos neste ano, um mínimo recorde.
Malliotakis e seus oponentes denunciam uma gestão cara, que ameaça o equilíbrio financeiro da cidade, com a contratação de milhares de funcionários municipais adicionais.
Os centros de votação funcionarão das 6 às 21 horas do horário local. Além da prefeitura de Nova York, outros dois postos de governadores estarão em jogo nesta terça-feira nos Estados Unidos. Em Nova Jersey, o democrata Phil Murphy deverá suceder ao republicano Chris Christie, um aliado de Trump com uma impopularidade recorde. Já em Virgínia, o republicano Ed Gillespie e o vice-governador democrata Ralph Northam estão praticamente empatados.
(com AFP)