Entre a turnê mundial The Eras Tour, a mais lucrativa da história, o comentadíssimo término do relacionamento de longa data com o ator Joe Alwyn e o início do badalado namoro com o fenômeno do futebol americano Travis Kelce, do Kansas City Chiefs, a cantora Taylor Swift se acostumou a estar nos centros dos holofote dos quatro cantos do planeta no último ano. Ela, no entanto, não poderia imaginar que o estrelato a tornaria alvo de uma teia de teorias da conspiração de políticos de extrema-direita dos Estados Unidos.
Swift entrou de cabeça no universo da política em 2018, um mês antes das eleições ao Congresso dos EUA. A artista, que iniciou a carreira no muito conservador gênero Country, rompeu o silêncio de quase duas décadas de carreira e apoiou publicamente candidatos democratas para o Senado e para a Câmara. Na ocasião, ela admitiu que já esteve “relutante” em expressar suas opiniões, mas que não poderia “votar em alguém que não estará disposto a lutar por dignidade para todos os americanos, independentemente da raça, gênero ou de quem amam”.
De lá pra cá, a vencedora de 12 prêmios Grammy tornou-se alvo de membros do Partido Republicano. A situação foi agravada nas eleições de 2020, quando apoiou a candidatura do democrata Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, para desagrado dos políticos conservadores. Ela também instou os “swifties”, como são chamados seus fãs, a irem às urnas. E, como mostra uma pesquisa recém-divulgada empresa Redfield & Wilton Strategies, 18% dos fãs votariam, sem nem pensar duas vezes, no candidato escolhido por ela.
Em entrevista à VOGUE, Taylor também defendeu que “todos merecem um governo que leve a sério os riscos para a saúde global e que coloque a vida do seu povo em primeiro lugar”, em referência a polêmica gestão do então presidente Donald Trump à pandemia de Covid-19, e acrescentou que era através da chapa Biden-Harris que o país tinha a “chance de iniciar o processo de cura de que tanto precisa”.
Sob nova conspiração
As declarações pioraram a relação com os republicanos e os trumpistas que agora a acusam de participar de um ardiloso complô para que Biden seja reeleito. Para concretizar o plano, ela teria atraído Travis Kelce e a Liga Nacional de Futebol Americano (NFL). Mas, antes do relacionamento, o jogador já era alvo de críticas por incentivar a vacinação contra a Covid-19, devido a um patrocínio da Pfizer. A proximidade com Taylor apenas atraiu novas dúvidas sobre o seu papel futuro eleitoral americano.
“Eu me pergunto quem vai ganhar o Super Bowl no próximo mês”, provocou o ex-pré-candidato republicano Vivek Ramaswamy no X, antigo Twitter, em referência à final do campeonato de futebol americano. “E eu me pergunto se há um grande endosso presidencial vindo de um casal artificialmente apoiado culturalmente neste outono. Apenas algumas especulações malucas aqui, vamos ver como isso envelhece nos próximos 8 meses.”
Ainda no início de janeiro, as teorias foram aderidas pelo apresentador Jesse Watters, da conservadora Fox News, que questionou se a compositora era um “ativo do Pentágono” e uma “fachada para uma agenda política secreta”. O coro também foi endossado por Benny Johnson, influencer de direita, que disse que “Taylor Swift é uma operação”, na qual “tudo é falso” com objetivo de enganar eleitores. E o fôlego republicano não parou por aí, dando força a uma espiral conspiratória nas redes sociais.
“A operação psicológica de interferência eleitoral dos Democratas, Taylor Swift, está a acontecer abertamente”, acrescentou Laura Loomer, trumpista autodenominada islamofóbica. “Não é uma coincidência que atuais e ex-funcionários da administração de Biden estejam apoiando Taylor Swift e Travis Kelce. Eles vão usar Taylor Swift como garota-propaganda de sua campanha pró-aborto.”
Eleições em jogo
No ano passado, uma publicação de Taylor fez com que fossem realizadas 35 mil novas inscrições para que americanos estejam aptos a irem às urnas, de acordo com a plataforma Vote.org. Como consequência, um novo apoio expresso brilharia os olhos de Biden e de sua equipe, que buscam atrair jovens para sair na frente de Trump nas intenções de voto, mostra uma reportagem do The New York Times, de 29 de janeiro. A apuração, que contou com quatro repórteres, teria sido a gota d’água para os republicanos fervorosos.
“A agitação em torno da sra. Swift e do potencial de alcançar seus 279 milhões de seguidores no Instagram atingiu tanta intensidade que a equipe de Biden incentivou os candidatos em um anúncio de emprego para uma posição de mídia social a não descrever sua estratégia em relação a Taylor Swift —a campanha já tinha sugestões suficientes. Uma ideia que foi mencionada, um pouco em tom de brincadeira: enviar o presidente para um dos shows da turnê Eras da sra. Swift”, assinalou o NYT.
Em reflexo, um levantamento da empresa de software Pyrra Technologies revelou que as menções ao nome da artista dispararam como nunca na última semana em sites de direita, como a plataforma Truth Social, de Trump. Ao que tudo indica, Taylor Swift precisará seguir o conselho da sua canção Shake it Off e “deixar para lá” porque os “haters vão odiar” até novembro de deste ano, quando o novo presidente será eleito para comandar a muito almejada Casa Branca, doa a quem doer.