Um político da Malásia gerou grande controvérsia ao sugerir que o casamento entre um estuprador e sua vítima pode ser uma solução para os casos de agressão sexual. Também segundo Shabudin Yahaya, membro do Parlamento local, meninas entre nove e doze anos de idade já estão prontas para o casamento.
“Talvez por meio do casamento, essas pessoas (vítima e agressor) podem viver uma vida mais saudável, uma vida melhor”, disse Yahaya em uma sessão na terça-feira sobre a inclusão do casamento infantil como crime em uma lei de agressão sexual contra crianças no Parlamento. “A pessoa que foi estuprada não necessariamente terá um futuro sombrio. Ao menos terá um marido e isso pode ser um remédio contra os crescentes problemas sociais”, continuou.
O parlamentar também afirmou que acredita que crianças entre nove e doze anos já estão “fisicamente e espiritualmente” prontas para se casar. Na Malásia, embora a idade mínima legal para casamentos seja 18 anos, a lei concede exceções que permitem a união de crianças e adolescentes muçulmanas menores de 16 anos, desde que o tribunal islâmico permita.
Yahaya é membro do maior partido da Malásia, a Frente Nacional, que está no poder há mais de meio século. As suas declarações despertaram a revolta de outros parlamentares, ativistas dos direitos da mulher e da criança e de muitos internautas nas redes sociais, que pediram inclusive sua deposição do cargo de parlamentar.
Apesar dos comentários controversos, a lei de agressão sexual contra crianças foi aprovada pelo Parlamento na terça-feira. A legislação oferece proteção legal mais forte e abrangente para crianças, inclusive contra agressores na internet. Ainda assim, o casamento infantil em algumas circunstâncias não foi proibido.