Uma nova onda de protestos está prevista pra tomar diversas cidades da França neste final de semana. Manifestantes devem se reunir em Paris e em cidades como Bordeaux, Nantes, Marseille e Brest para criticar a decisão do presidente Emmanuel Macron de invocar um artigo da Constituição francesa para aprovar o aumento da idade da aposentadoria no país, de 62 para 64 anos, sem a aprovação do parlamento. Para tentar conter outros tumultos, a polícia francesa proibiu manifestações na Place de la Concorde e também na Champs-Élysées, por “risco grave de perturbação da ordem pública”.
Embora os protestos durante o dia tenham sido pacíficos, na noite de sexta-feira (17) a polícia entrou em confronto com os milhares de manifestantes que se reuniram na Place de la Concorde, na capital, e usou bombas de gás lacrimogênio e jatos de água para conter a população. Ao menos 61 pessoas foram presas depois que uma fogueira foi acesa na região, perto da assembleia nacional.
Na manhã de sábado, as ruas da capital estavam tranquilas, mas o lixo continua se acumulando em diversos bairros desde que os coletores entraram em greve como forma de protesto contra as medidas. Outras manifestações de resistência foram convocadas pelos sindicatos franceses antes da grande mobilização prevista para a próxima quinta-feira (23).
Pesquisas apontam que mais de dois terços da população é contra o aumento da idade da aposentadoria. Atualmente, enquanto outros países da União Europeia já fizeram reformas na previdência, a França manteve a idade em 62 anos. O governo afirma que o atual modelo é insustentável para os cofres públicos. Os franceses, no entanto, consideram a reforma injusta principalmente com aqueles que começam a carreira muito jovens em trabalhos físicos e também com mães que abandonam as carreiras para cuidar dos filhos.
Políticos da oposição apresentaram duas moções de censura ao governo que serão debatidas no parlamento na tarde desta segunda-feira (20). Se aprovadas, podem derrubar o gabinete da primeira-ministra Élisabeth Borne e reverter a decisão. Mesmo que Borne sobreviva à jogada, analistas acreditam que Macron terá dificuldade em avançar sua agenda reformista após as manifestações populares.