A polícia d0 estado indiano de Odisha, palco de um grave acidente de trem na semana passada, registrou nesta segunda-feira, 5, um caso criminal de “morte por negligência” relacionado ao incidente que deixou, até o momento, mais de 280 mortos. Cerca de 300 feridos ainda estão hospitalizados, alguns deles em estado grave.
Considerado o pior acidente ferroviário da história indiana, o trem de passageiros Coromandel Express descarrilou da linha principal para a secundária na última sexta-feira, colidindo com um outro trem que carregava minério de ferro e estava estacionado, na cidade de Balasore. Com a força do acidente, o trem expresso Howrah, que estava em outro trilho, também foi atingido.
Os relatórios divulgados por autoridades locais apontam que ainda “não foi apurada a culpa específica de determinados funcionários da ferrovia, o que será apurado durante a investigação”. Eles indicam, além disso, que uma falha de sinalização teria ocasionado a mudança de trilhos do primeiro trem e os consequentes acidentes.
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A força nacional de resposta a desastres e um grupo de voluntários permaneceram no local do incidente por dois dias para socorrer passageiros presos nas ferragens e retirar os corpos das vítimas. Famílias dos desaparecidos estariam, então, buscando encontrar os corpos dos seus entes, mas cerca de 100 corpos seguem sem identificação. Rumores relevam o receio da população de que o número de mortos continue a aumentar.
Segundo o ministro das ferrovias, Ashwini Vaishnaw, e membros do Conselho Ferroviário, a linha de investigação policial está voltada para uma falha no sistema de gerenciamento de trilhos, que coordena a sinalização responsável por direcionar os trens para caminhos vazios. Eles afirmaram que “sistema de intertravamento” estava funcionado irregularmente no dia do acidente.
Sob pedidos de renúncia, Vaishnaw comunicou que a “causa raiz e as pessoas responsáveis pelo ato criminoso” já haviam sido determinadas, mas não direcionou para possíveis sabotagens, erro humano ou técnico. O Conselho Ferroviário iniciou uma extensa análise dos mecanismos do serviço das 19 zonas de trem do país. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, deve receber um documento com o resultado das investigações na terça-feira.
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Além disso, o governo está trabalhando em conjunto com o Escritório Central de Investigação (CBI) em um inquérito sobre a colisão, levantando especulações sobre potenciais prisões. A equipe do CBI esteve presente no local do descarrilamento para procurar evidências de adulteração criminosa, que poderia estar relacionada à falha do sistema. Durante uma visita no sábado, Modi reforçou que “os culpados serão severamente punidos”.
Em contrapartida, críticos ao governo responsabilizam o premiê pelo grave acidente e o acusam de estar tentando direcionar o problema no sistema ferroviário à negligência de um único indivíduo. O presidente do partido de oposição do Congresso da Índia, Mallikarjun Kharge, destacou a “apatia e negligência” do governo em relação à segurança nos trilhos e relembrou “sinais de alerta” que teriam sido ignorados.
Em fevereiro, um acidente foi evitado, por pouco, no estado de Karnataka. Na ocasião, o sistema de intertravamento não funcionou propriamente. O maquinista, no entanto, notou a falha e parou o trem antes que fosse direcionado para o trilho errado. Em uma carta destinada ao ministro dos Caminhos de Ferro após o incidente, um gerente de operações da South Western Railway reiterou que “são necessárias medidas corretivas imediatas para corrigir as falhas do sistema e sensibilizar o pessoal para não se aventurar em atalhos que conduzam a grandes percalços”.