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PF prende em São Paulo autor de atentado em 1977 na Espanha

Terrorista de extrema direita, Carlos García Juliá matou cinco pessoas ligadas ao Partido Comunista Espanhol e foi condenado a 193 anos de prisão

Por Da Redação
Atualizado em 7 dez 2018, 16h30 - Publicado em 6 dez 2018, 21h03
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  • O espanhol de extrema direita Carlos García Juliá, condenado a 193 anos de prisão por ser um dos autores do Massacre de Atocha, ocorrido em Madri em 1977, foi preso na quarta-feira 5 em São Paulo por agentes da Polícia Federal (PF), a pedido da Interpol. A informação foi confirmada nesta quinta-feira, 6, pela PF.

    A superintendência da PF e policiais espanhóis que participaram da operação concederão uma entrevista coletiva à imprensa nesta sexta-feira, 7, para dar os detalhes sobre a prisão do terrorista  e a possível extradição de Juliá, de acordo com fontes da embaixada da Espanha em Brasília.

    Aos 65 anos de idade, o terrorista tinha 24 quando cometeu um atentado a tiros dentro de um escritório de advogados trabalhistas e de militantes Partido Comunista da Espanha, ilegal naquela época. Ele e seu comparsa José Fernández Cerra foram condenados pela Justiça espanhola país a 193 anos de prisão como autores materiais de cinco assassinatos no local.

    “A PF identificou que esse indivíduo estaria residindo no Brasil com identidade falsa e passou a investigar seu paradeiro por meio de seus policiais que atuam na Interpol. Iniciaram-se diligências para localizar o procurado, tendo sido identificada uma possível residência na capital paulista. Ele foi identificado e preso no início da noite de ontem (5/12) no bairro da Barra Funda“, informou a Polícia Federal, em comunicado.

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    Fontes da embaixada da Espanha não confirmaram nem negaram se há uma solicitação de Madri de extradição do terrorista ao governo brasileiro. No ano passado, a Justiça atualizou no Ministério da Justiça da Espanha o seu pedido de extradição de Juliá, que tinha sido enviado ao governo da Bolívia, onde se supunha que ele estaria foragido.

    O terrorista, que pertencia à Falange e a outros grupos ultradireitistas, estava fora da Espanha desde 1994. Depois de cumprir catorze anos de pena, Juliá recebeu autorização para deixar a prisão e viajou para o Paraguai.

    A decisão de liberá-lo, porém, foi revogada pouco depois, e a Espanha ordenou o retorno imediato de Juliá para terminar de cumprir sua condenação. Em 1996, foi detido na Bolívia acusado de tráfico de drogas e de financiamento de grupos paramilitares.

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    Chacina

    Em 24 de janeiro de 1977, em pleno processo de transição democrática na Espanha ao final de quarenta anos da ditadura de Francisco Franco, os dois atiradores invadiram o escritório de advocacia supostamente em busca do dirigente comunista Joaquín Navarro, que era também secretário-geral do Sindicato dos Transportes das Comissões Operárias (CCOO). Navarro tinha sido o responsável por convocar greves que contribuíram para derrubar uma máfia franquista no transporte público espanhol.

    No escritório, a dupla matou a tiros os advogados Enrique Valdelvira, Javier Sauquillo e Luis Javier Benavides, o estudante de Direito Serafín Holgado e o assistente administrativo Ángel Rodríguez. Outras quatro pessoas ficaram feridas: Miguel Sarabia Gil, Alejandro Ruiz-Huerta Carbonell, Luis Ramos Pardo e Lola González Ruiz, mulher de Sauquillo.

    Chamado na Espanha de “Massacre de Atocha”, em referência à rua onde ficava o escritório, a matança se transformou em um dos símbolos do retorno da democracia na Espanha, quando faltavam dois meses para a legalização do Partido Comunista e cinco para a realização das primeiras eleições depois de quatro décadas de ditadura.

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    (Com EFE)

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