Em discurso a chefes de Estado do Mercosul reunidos para cúpula no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 7, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de dedicar parte de sua fala para homenagear e encher de elogios o presidente argentino, Alberto Fernández, que deixa o cargo no próximo domingo, substituído pelo ultraliberal Javier Milei.
“Caro Alberto, você sabe do apreço que tenho por você, por ter sido sempre correto e altivo para enfrentar os tempos de turbulência regional e internacional que lhe tocaram na presidência. Você teve que enfrentar uma pandemia e uma seca, merecia melhor sorte no seu período. E nossa amizade segue, não é uma amizade de mandato”, disse.
Lula também relembrou “o gesto de você ter me visitado em 2019”, uma referência à visita do argentino ao petista na Polícia Federal, em Curitiba. Na época, Fernández disse que a prisão era um “máculo ao Estado de Direito” brasileiro.
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Milei e Lula
Enquanto os dois são próximos, Milei segue um caminho totalmente oposto. Assumidamente apoiado e inspirado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o ultraliberal prometeu que, caso fosse eleito, iria romper relações com o Brasil e retirar a Argentina de organizações internacionais defendidas por Lula, como o Mercosul e o Brics.
Uma vez eleito, o argentino moderou o tom e chegou a enviar uma carta a Lula, na qual convidou o brasileiro a sua posse e afirmou o desejo de reforçar a relação entre os países. O documento foi entregue pela futura chanceler argentina, Diana Mondino, ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante reunião em Brasília.
Fontes ligadas ao Itamaraty confirmaram a VEJA, no entanto, que Lula não vai comparecer à posse e o representante do governo brasileiro será Mauro Vieira.
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A Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil no mundo, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos, sendo responsável por 5,3% de todas as exportações brasileiras entre janeiro e outubro deste ano. O valor supera o que foi exportado para o Oriente Médio e para a África.
Apesar disso, não será a primeira vez que um presidente brasileiro não irá à posse do presidente argentino. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro enviou Hamilton Mourão, na época vice-presidente, como representante do governo brasileiro na posse do atual presidente, Alberto Fernández.