O Pentágono afirmou que o vazamento de documentos e informações confidenciais foi um “ato criminoso deliberado”, poucas horas depois de o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, anunciar a prisão de um militar suspeito de ligação com a divulgação dos papéis.
“Continuamos a revisar uma variedade de fatores relacionados à proteção de materiais classificados – isso inclui examinar e atualizar listas de distribuição, avaliar como e onde os produtos de inteligência são compartilhados e uma variedade de outras etapas”, disse o brigadeiro Patrick Ryder, porta-voz do Pentágono, a repórteres na quinta-feira, 13. “Eu diria, porém, que é importante entender que temos diretrizes rígidas para proteger informações sigilosas e confidenciais. Este foi um ato criminoso deliberado, uma violação dessas diretrizes”.
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Segundo Ryder, o Pentágono tomou medidas para revisar as listas de distribuição e garantir que as pessoas que recebam apenas as informações precisam saber.
O acusado de ligação com os vazamentos foi identificado como Jack Teixeira, de 21 anos, da Guarda Aérea de Massachusetts. De acordo com o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, Teixeira estaria ligado a “uma investigação sobre suposta remoção, retenção e transmissão não autorizada de informações classificadas de defesa nacional”.
Apesar de não comentar a prisão, o Pentágono esclareceu que está trabalhando para entender a escala e o escopo do vazamento, bem como reavaliar como as informações confidenciais são compartilhadas.
“Acho importante entender que continuaremos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que as pessoas que precisam saber, quando se trata desse tipo de informação, tenham acesso a isso. Sempre vamos aprender com todas as situações. Mas, novamente, isso é algo que continuará a ser analisado”, concluiu Ryder.
Os documentos vazados incluem detalhes sobre como os Estados Unidos espionam amigos e inimigos, bem como informações sobre os exércitos da Ucrânia e da Rússia. As informações foram publicadas no mês passado em redes sociais, como Twitter e Telegram, e vieram à tona devido a investigações jornalísticas na sexta-feira 7.
De acordo com investigações, os documentos foram compartilhados inicialmente na plataforma de bate-papo do Discord supostamente em meados de janeiro em um servidor chamado “Thug Shaker Central”. Segundo o The New York Times, Teixeira liderava o grupo do Discord. O servidor tinha cerca de 20 a 30 pessoas que compartilhavam seu amor por armas, videogames e faziam piadas racistas.
O Departamento de Defesa encaminhou o assunto ao Departamento de Justiça, que abriu uma investigação criminal formal na semana passada. É provável que o número de documentos vazados ultrapasse 100 arquivos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que está na Irlanda, afirmou que não está preocupado com o vazamento, mas sim que houve uma divulgação imprópria das informações confidenciais.
“Há uma investigação completa acontecendo, como vocês sabem, com a comunidade de inteligência e o Departamento de Justiça, e eles estão chegando perto, mas não tenho uma resposta”, comentou Biden a repórteres.