Os deputados do parlamento da Espanha aprovaram nesta quinta-feira, 16, a volta de Pedro Sánchez ao cargo de primeiro-ministro com maioria absoluta de votos, oficializando sua iminente reeleição.
Numa disputa apertada, 179 deputados votaram a favor de Sánchez, e 171 contra. A seguir, o premiê do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) precisará encontrar-se com o rei para ser aprovado para o cargo.
Será um mandato difícil, com o conservador Partido Popular (PP) e a legenda de extrema direita Vox em ofensiva aberta. Além disso, uma das siglas-chave para Sánchez obter maioria no parlamento, o Junts alertou o premiê para não considerar o seu apoio garantido.
Para obter apoio de deputados suficientes para formar uma maioria no parlamento, o líder do PSOE fez uma aliança com o partido de extrema esquerda Sumar, que participou de sua coalizão anterior, mas também com os controversos partidos separatistas da Catalunha e País Basco.
Para conquistar os novos aliados, Sánchez deu uma anistia aos participantes de um referendo, feito em 2017, para declarar a independência de regiões separatistas. A medida amargamente polarizante alimentou uma onda de protestos por toda a Espanha, e permanecerá polêmica à medida que juízes a interpretarem caso a caso, para perdoar pessoas antes consideradas criminosas.
Tanto o PP quanto o Vox podem se beneficiar da oposição à anistia. A legenda de extrema direita explodiu na cena política justamente por causa da crise catalã, e deseja frear sua queda de popularidade. Nas as eleições de julho, convocadas por Sánchez em uma manobra política para evitar o desgaste de seu governo, o Vox acabou com 33 assentos na assembleia (19 a menos que no último pleito), enquanto o PP reconquistou eleitores descontentes.
O PP precisará trilhar com cuidado a oposição à lei de anistia, uma vez que tentativas anteriores de imitar o Vox alienaram seus eleitores centristas e mais moderados.