O Partido Conservador, do primeiro-ministro britânico Boris Johnson, sofreu uma dura derrota em uma eleição regional circunscrição rural de North Shropshire. Pela primeira vez em quase 200 anos a cadeira correspondente à cidade no Parlamento não será ocupada por um conservador após a vitória da candidata do Partido Liberal-Democrata.
A eleição em North Shropshire, realizada na quinta-feira 16, foi considerada uma espécie de votação sobre o desempenho de Johnson. Seu governo passou por uma série de escândalos recentes e o premiê e o Partido Conservador tiveram quedas de popularidade nas pesquisas de opinião pública.
A região tem 80.000 eleitores. A candidata liberal-democrata Helen Morgan recebeu 47% dos votos e foi declarada vencedora nesta sexta-feira, 17. Morgan afirmou que os eleitores enviaram uma mensagem “alta e clara” a Johnson de que “o jogo acabou”. “Seu governo, dirigido pelas mentiras e fanfarronices, terá que prestar contas”, disse.
A eleição foi realizada depois que o deputado conservador Owen Paterson, que representava North Shropshire no Parlamento, renunciou por um escândalo de corrupção. Ele foi acusado de ter recebido 100.000 libras para defender os interesses de duas empresas junto ao governo.
Os conservadores haviam vencido todas as eleições anteriores na área essencialmente rural do centro da Inglaterra desde que a zona eleitoral foi criada em sua forma atual em 1983. Parlamentares conservadores dominavam a região há quase dois séculos.
O revés eleitoral não impacta a capacidade de liderar do Partido Conservador, já que a legenda goza de uma maioria extremamente confortável no Parlamento. Ainda assim, reflete a irritação popular.
A guinada brusca acontece no momento em que Johnson enfrenta críticas de várias frentes, inclusive por causa de relatos de que sua equipe realizou festas no Natal passado, quando o país estava em um lockdown para conter a disseminação da Covid-19. O premiê também enfrenta um momento difícil da pandemia, com um tsunami de novos casos causados pela variante Ômicron.
Os diagnósticos de coronavírus dobram a cada dois ou três dias, impulsionados pela nova cepa, que sozinha já é responsável por cerca 200.000 casos diários e de 40% das infecções em Londres.