Parlamento rejeita pedido de votação de acordo do Brexit
Boris Johnson precisava da autorização do presidente da Câmara dos Comuns para obter apoio para votar seu acordo com a UE nesta segunda
O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, recusou o pedido do primeiro-ministro Boris Johnson para que o Parlamento votasse sua proposta de acordo para o Brexit nesta segunda-feira, 21, após um primeiro adiamento no final de semana.
Segundo Bercow, o pedido do governo é “em substância o mesmo” apresentado no sábado 19, e não houve mudanças nas circunstâncias desde então para que uma votação fosse reconsiderada.
Johnson precisava da autorização de Bercow para tentar mais uma vez obter o apoio dos parlamentares para seu acordo com a União Europeia (UE).
O premiê convocou o Parlamento para uma sessão no sábado, algo que não acontecia desde a guerra das Malvinas em 1982. Johnson estava confiante de que conseguiria a aprovação negada por três vezes à sua antecessora Theresa May, mas conseguiu apenas que os deputados adiassem a decisão até a aprovação da legislação necessária para implementar o Brexit.
Desta maneira, apesar de sua contrariedade, o premiê se viu obrigado a solicitar à UE um novo adiamento da data do Brexit, inicialmente previsto para março e prorrogado por duas vezes. A data prevista para o divórcio é 31 de outubro.
Johnson, porém, disse em diversos momentos que preferiria “morrer em uma vala” antes de pedir a prorrogação do início do Brexit para o final de janeiro. Por isso, aparentemente tentou sabotar sua própria solicitação de adiamento ao enviar um documento à UE sem sua assinatura.
Nesta segunda, a Comissão Europeia afirmou que a forma como a carta foi enviada “não muda nada” e o bloco considera o pedido de extensão de qualquer maneira.
O presidente da Câmara dos Comuns tem o poder de recusar a votação, uma vez que as regras da Câmara dos Comuns, de modo geral, impedem que uma mesma medida seja considerada uma segunda vez durante a mesma sessão do Parlamento, a menos que tenha ocorrido alguma alteração.
Bercow foi uma das figuras políticas mais controversas do processo do Brexit. Muitos acreditam que ele usou de sua posição para dar tratamento preferencial a parlamentares contrários à saída do Reino Unido da UE.
O presidente anunciou em setembro que renunciará ao cargo no dia 31 de outubro.