O avião comercial russo que pousou em Caracas nesta terça-feira pode ser um sinal de que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e seus aliados estejam se preparando para deixar o país, avaliou o presidente em exercício do Brasil, general Hamilton Mourão. Na última sexta-feira 25, Mourão defendera a criação de um “corredor de escape” para Maduro sair de forma segura da Venezuela.
“É preciso assegurar uma saída para Maduro”, declarou Mourão. “Hoje pousou um avião russo lá, vazio. Pode ser que esteja retirando gente já”.
Ao ser questionado se essa não foi uma medida extrema do governo venezuelano, o presidente em exercício emendou: “Maduro está lutando pela sobrevivência dele. Temos de aguardar como vai terminar esse caso.”
A aeronave Boeing 777-200 ER, matrícula VP-BJG, da companhia russa Norwind Airlines pousou na segunda-feira 28 pela manhã no aeroporto de Maiquetía, nos arredores de Caracas, sem trazer passageiros. A empresa, segundo o portal Infobae, opera rotas turísticas para o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico e não tem voos para Caracas.
A Rússia é um dos países que ainda apoiam o regime de Nicolás Maduro que, desde a semana passada, tem sido desafiado pelo líder opositor Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e autodeclarado presidente interino da Venezuela. Guaidó recebeu apoio dos Estados Unidos, Brasil e pelo menos outros 16 países. A crise no governo de Maduro foi acentuada pelas novas sanções aplicadas por Washington que, na prática, bloqueiam as exportações de petróleo venezuelano para os Estados Unidos e outras nações com operações financeiras nesse país.
Questionado sobre a decisão da Procuradoria-Geral da Venezuela de pedir a abertura de uma investigação preliminar de Juan Guaidó ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Mourão preferiu reagir com cautela. “Vamos aguardar a extensão disso aí”, afirmou. Guaidó está proibido de deixar a Venezuela e teve suas contas bancárias congeladas.
A resistência de Maduro e a queda de braço com Guaidó preocupa o governo brasileiro que, no entanto, comemorou o reconhecimento da legitimidade da Assembleia Nacional da Venezuela pela União Europeia, que não chegou a endossar Juan Guaidó como presidente interino.
O bloco europeu defendeu que só “eleições livres e justas” acabariam com a crise política e humanitária Venezuelana. A União Europeia, porém, não reconhece a legitimidade do regime de Maduro, empossado no dia 10 em seu terceiro mandato como presidente. Sua eleição, em maio do ano passado, foi considerada fraudulenta pela comunidade internacional.
(Com Estadão Conteúdo)