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Papa rejeita renúncia de cardeal condenado por ocultar casos de pedofilia

Philippe Barbarin foi sentenciado a seis meses de prisão por ocultar denúncias de abuso sexual contra menores ocorridos em sua diocese

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h52 - Publicado em 19 mar 2019, 19h18
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  • O papa Francisco rejeitou a renúncia do cardeal francês Philippe Barbarin, condenado a seis meses de prisão por não denunciar os abusos sexuais de um padre de sua diocese. O próprio Barbarin informou a decisão do chefe da Igreja Católica nesta terça-feira, 19.

    “Na manhã de segunda, eu entreguei minha carta de renúncia nas mãos de Vossa Santidade. Invocando a presunção de inocência, ele recusou minha exoneração”, declarou o cardeal, que é arcebispo de Lyon, em um comunicado à imprensa.

    Barbarin, de 68 anos, é a maior autoridade católica na França e entrou com um recurso contra o veredito anunciado no início deste mês, que o considerou conivente com casos de pedofilia na Igreja.

    A decisão de Francisco revoltou as vítimas dos inúmeros casos de abuso envolvendo sacerdotes católicos. O cofundador da associação de apoio Parole Libérée, François Devaux, reagiu com espanto ao posicionamento papal. “Para mim, parecia impossível que Francisco cometeria tal erro. É inacreditável.”

    Em uma declaração publicada também nesta terça-feira, o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti, afirmou que o papa pretende se manter próximo às vítimas dos abusos e dos fieis franceses “que estão vivendo um momento particularmente doloroso.”

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    No dia 7 de março, a Corte de Lyon concordou que Barbarin, nomeado cardeal em 2003, ocultou diversas denúncias de abuso sexual feitas por ex-coroinhas contra o padre Bernard Preynat entre os anos 1980 e 1990. Condenado, ele cumprirá os seis meses de prisão em liberdade condicional. Vítimas de pedofilia comemoraram a sentença, considerando que ela abria precedentes para a responsabilização de mais religiosos.

    Menos de uma semana depois do veredito contra Barbarin, o cardeal australiano George Pell, ex-“número três'” do Vaticano, foi sentenciado a seis anos de prisão pela corte de Melbourne por abusar sexualmente de dois garotos do coral de sua diocese.

    Apoio papal

    O papa Francisco já havia defendido o cardeal Barbarin em 2016, afirmando que sua exoneração antes de um julgamento seria “um erro imprudente”. Agora, com a decisão pós-sentença, Barbarin continuará suas funções como arcebispo em Lyon, enquanto espera o julgamento de sua apelação.

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    Em uma tentativa de apaziguar a situação, ele anunciou que deixará os assuntos administrativos da diocese para o atual vigário geral, o padre Yves Baumgarten, “por sugestão” do papa e para amenizar o “sofrimento da igreja de Lyon”.

    A Conferência Episcopal da França (CEF) expressou sua surpresa com uma “situação inédita”. Seu presidente, o monsenhor Georges Pontier, afirmou que “a decisão do papa resulta do conflito entre duas exigências, aquela de respeitar o curso da Justiça e aquela de cuidar do bem estar da diocese de Lyon”.

    Em outubro, Francisco concordou relutantemente, depois de três semanas de reflexão, com a renúncia do cardeal americano Donald Wuerl, arcebispo de Washington que teria abafado um vasto escândalo de abuso sexual na Pensilvânia, no nordeste dos Estados Unidos. O religioso americano de 77 anos, que afirmou ter agido “pelo interesse das vítimas”, não foi condenado como o cardeal francês.

    (com AFP)

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