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Papa orienta pais de crianças gays a buscar ‘ajuda psiquiátrica’

Deslize provoca reações da comunidade LGBT nas redes sociais; Francisco se recusa a falar sobre pedido de sua renúncia

Por Da Redação
Atualizado em 27 ago 2018, 18h58 - Publicado em 27 ago 2018, 17h14
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  • Pressionado pelas denúncias de que sabia dos abusos sexuais cometidos pelo arcebispo de Washington, Theodore McCarrick, o papa Francisco cometeu um deslize nesta segunda-feira (27) na Irlanda ao orientar os pais de crianças gays a procurarem “ajuda psiquiátrica”.

    A frase provocou reações contrariadas nas redes sociais. A homossexualidade não é considerada uma doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1990, e os ativistas LGBT têm cuidadosamente trabalhado nos últimos anos para evitar qualquer retrocesso nessa constatação.

    Ao falar com jornalistas, ao encerrar uma reunião sobre a família católica na Irlanda, Francisco afirmou: “Sempre houve pessoas gays e pessoas com tendências homossexuais”. Perguntado sobre o que diria a um pai que acabou de saber que o filho é gay, o papa aconselhou, primeiramente, a oração. “Não condene. Dialogue. Entenda, dê espaço para a criança para que ela possa se expressar”, afirmou.

    Em seguida, destacou que pode ser necessário procurar “ajuda psiquiátrica” se uma criança começar a exibir traços “preocupantes”. “Outra coisa é quando isso se manifesta depois dos 20 anos”, acrescentou o pontífice.

    O papa pediu aos pais que não respondam com silêncio. “Ignorar uma criança com essa tendência mostra falta de maternidade e paternidade”, afirmou. “Esta criança tem direito a uma família. E a família não pode jogá-lo fora”, completou.

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    Vaticano

    Após a repercussão negativa nas redes sociais, o Vaticano retirou a referência do papa à psiquiatria na declaração. Destacou ainda que o sumo pontífice não quis abordar o tema como “uma doença psiquiátrica”.

    O papa enfrenta um momento particularmente difícil de seu pontificado, quando inúmeros casos de abuso sexual de menores e de acobertamento desses crimes recaem sobre sacerdotes. No Chile, na Austrália e nos Estados Unidos, os escândalos exigiram do papa decisões duras – que antecessores não tiveram a coragem de tomar.

    Francisco recusou-se a responder a perguntas sobre o mais recente dos escândalos, que envolveu o arcebispo McCarrick. Em um texto de 11 páginas, o arcebispo aposentado Carlo Maria Vigano, ex-núncio apostólico em Washington, pediu a renúncia do papa por saber do caso McCarrick desde 2013.

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    “[O texto] fala por si só”, disse o papa. “É um ato de confiar ou não. Eu não direi nenhuma palavra sobre isso.”

    Na Irlanda, onde faz sua primeira visita, ele encontrou a Igreja Católica desfalcada em cerca de 300 mil fieis indignados pelos casos de abuso e também pela escravidão imposta pelas Lavanderias Madalena, administradas por ordens de freiras. Essas casas acolhiam prostitutas, mães solteiras e crianças, mas tendiam a usá-las como mão-de-obra. Cerca de 10 mil pessoas passaram por essas lavanderias entre 1922 e 1996, quando a última delas foi fechada.

    Nos últimos dias, em Knock, o papa pediu perdão pela “ferida aberta” causada pelos escândalos de abuso sexual na Igreja. Em Dublin, ele admitiu a culpa do alto escalão da Igreja por ter encoberto os casos e por ter falhado em demonstrar compaixão.

    (Com AP)

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