O papa emérito Bento XVI, que em 2013 se tornou o primeiro pontífice em 600 anos a renunciar, está “muito doente”, anunciou nesta quarta-feira, 28, o papa Francisco, pedindo orações ao ex-líder da Igreja Católica.
Em comunicado, o Vaticano afirmou que Bento, de 95 anos, sofreu uma rápida deterioração da sua saúde nas últimas horas. Segundo a Igreja, a condição está “sob controle” e ele está recebendo constante atenção médica.
“Gostaria de pedir a todos vocês uma oração especial ao papa emérito Bento”, disse Francisco em um anúncio surpresa em italiano ao fim de sua audiência geral semanal.
Segundo Matteo Bruni, porta-voz da Santa Sé, Francisco visitou Bento no monastério Mater Ecclesiae, no Vaticano, após a audiência geral.
Bento XVI se tornou em 2013 o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos e vem, desde então, mantendo uma vida privada no Vaticano. Em 2020, um jornal alemão revelou que ele estava em uma situação “extremamente frágil” e sofria com uma doença infecciosa no rosto.
Reportagem de VEJA de junho de 2018 revelou que Bento sofre de Parkinson e já sentia os sinais da doença quando renunciou. Segundo o arcebispo George Gänswein, um dos assistentes mais próximos do papa emérito, a rotina de Bento nos últimos anos consiste principalmente em ler e responder as centenas de cartas que recebe de fiéis. Além disso, também passa boa parte de seu tempo orando.
Apesar de não frequentemente permanecer isolado, o papa emérito foi cercado por polêmicas neste ano. Em fevereiro, Bento pediu perdão por “falhas graves” na forma que lidou com casos de abusos sexuais dentro da Igreja, mas disse não ter cometido qualquer irregularidade, após uma investigação independente criticá-lo por inação em quatro casos enquanto era arcebispo de Munique.
Em 24 de janeiro, o papa emérito admitiu ter participado de uma reunião na qual foi discutida a situação do padre Peter Hullerman, acusado de abusar sexualmente de dezenas de menores de idade na Alemanha. Na época do encontro, em 15 de janeiro de 1980, os crimes de Hullerman já eram de conhecimento da igreja, atuasse no local.
Segundo os autores da investigação, Bento não teria impedido que o padre abusasse de quatro meninos. Em sua investigação mais ampla sobre alegações de abusos na Arquidiocese de Munique entre 1945 e 2019, o escritório de advocacia diz que houve ao menos 497 vítimas, principalmente jovens.