Papa espera ajudar a curar “mal” feito aos indígenas em viagem ao Canadá
Pontífice terá pelo menos cinco encontros com povos nativos no que chamou de "peregrinação de penitência"
Neste domingo, 17, o papa Francisco disse que sua viagem ao Canadá será uma “peregrinação de penitência” e que espera poder auxiliar a curar “todo o mal” feito contra os indígenas por padres e freiras católicos romanos que administravam escolas locais.
A viagem, que será realizada entre os dias 24 e 30 de julho, terá pelo menos cinco encontros com povos nativos, no intuito do papa se desculpar pelo papel da Igreja nas escolas sancionadas pelo Estado, que buscavam apagar essas culturas. “Infelizmente, no Canadá, muitos cristãos e membros de ordens religiosas contribuíram para as políticas de assimilação cultural que no passado prejudicaram gravemente as populações indígenas de diversas formas”, disse Francisco durante seu discurso na Praça São Pedro.
O objetivo declarado das escolas, que funcionaram entre 1831 e 1996, era assimilar as crianças indígenas. As instituições eram administradas por instituições cristãs em nome do governo, a maioria pela Igreja Católica. Cerca de 150 mil crianças foram submetidas a abuso, estupro e desnutrição, ações chamadas de “genocídio cultural” pela Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá, em 2015.
A barbárie veio à tona novamente em 2021 com a descoberta dos restos mortais de 215 crianças na antiga Escola Residencial Indiana em Kamloops, na província canadense ocidental da Colúmbia Britânica, fechada em 1978. “Estou prestes a fazer uma peregrinação de penitência, que espero, com a graça de Deus, possa ajudar nesse caminho de cura e reconciliação já iniciado”, disse o religioso, que deve visitar as cidades de Edmonton, Maskwacis, Lac Ste. Anne, Quebec e Iqaluit no território ártico do Canadá.