O papa Francisco condenou a cultura de privilégios e corrupção, que permite a pouquíssimos viverem na riqueza enquanto a grande maioria definha na pobreza, durante missa em Antananarivo, Madagascar. O pontífice foi recebido por mais de um milhão de pessoas na esplanada onde se deu a celebração. Milhares de pessoas dormiram no local, ao ar livre, à espera do papa.
“Quando a ‘família’ se torna o critério decisivo para o que consideramos certo e bom, acabamos justificando e até `consagrando’ práticas que levam à cultura de privilégios e exclusão, favoritismo, padronato e, como consequência, corrupção“, afirmou Francisco em sua homília. Ele criticou a cultura que só provê aqueles conectados a determinados grupos, deixando muitas outros excluídos permanentemente ou, na melhor das hipóteses, marginalizados e sem oportunidades de melhorar suas vidas.
Segundo o portal Crux, em seu caminho até o local da missa, nos arredores de Antananarivo, o papa percorreu uma estrada precária e pode ver casas precárias de madeira, mulheres lavando roupa na fonte de água usada para beber, cozinhar e irrigar os campos de arroz. Também viu crianças fabricando e vendendo tijolos de barro e implorando por comida. Também viu casas de tijolos, de onde crianças bem-vestidas acenavam para ele.
O papa visitou Moçambique na semana passada e seguirá, na segunda-feira, 9, para as Ilhas Maurício, também no Oceano Índico. Ele encerrou sua visita a Moçambique com uma visita a portadores do HIV-AIDS e com uma missa no estádio de futebol Zimpeto, na sexta-feira 6.
Em tom pacificador, Francisco pediu para que os moçambicanos deixem os conflitos para trás e busquem cada vez mais a reconciliação. A população de Moçambique viveu em guerra civil entre 1977 e 1992, mas ainda se vê atormentada pela violência entre facções políticas.
No centro médico DREAM, em Zimpeto, o papa recebeu de presente um báculo de madeira em forma de cruz. O presente foi confeccionado com material de uma casa pelo ciclone Idai na cidade de Beira. As pequenas cruzes escrustadas foram feitas com a chapa de metal do telhado da casa destruída de uma idosa, disse o diretor de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, segundo o segundo a agência de notícia portuguesa ACI.
O ciclone Idai devastou o sul da África em março passado. Em Moçambique, 1,8 milhão de pessoas foram afetadas. Em Malawi, 869.000 pessoas e no Zimbábue, 270.000.
(Com Reuters)