Papa Bento XVI é sepultado após funeral conduzido pelo sucessor, Francisco
Este é a primeira vez que um pontífice em exercício preside a missa fúnebre de outro Papa, aos olhos de mais de 100 mil pessoas na Praça São Pedro
Bento XVI, que liderou os 1,3 bilhão de católicos do mundo com linha dura tradicionalista, e depois se tornou o primeiro papa a renunciar em séculos, foi enterrado na quinta-feira, 5, na Cidade do Vaticano, após um funeral na Basílica de São Pedro, presidido pelo papa Francisco.
Francisco, o primeiro pontífice a conduzir a missa fúnebre de um antecessor, ofereceu “nosso último adeus ao papa emérito Bento XVI” e o enviou a “Deus, nosso misericordioso e amoroso Pai”.
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O serviço marcou o fim de um arranjo incomum. Durante anos, dois papas – um emérito, outro no poder; um liberal, um conservador – coexistiram nos terrenos do Vaticano. Ao presidir pessoalmente o funeral, Francisco homenageou seu antecessor, que morreu no último sábado 31 aos 95 anos, mas também produziu um delicado equilíbrio político.
Estima-se que até 100 mil pessoas tenham assistido à cerimônia na Praça de São Pedro, que foi realizada de maneira semelhante à de um Papa em exercício. O corpo de Bento foi carregado diante da multidão em um tradicional caixão de madeira de cipreste diante de mais de 100 cardeais, 400 bispos e quase 4 mil padres de todo o mundo.
O falecido pontífice havia solicitado um funeral simples e o papa Francisco fez uma missa breve – muito mais baseada nas escrituras do que em toques pessoais.
No final da missa, os cardeais acompanharam o caixão do pontífice aposentado para o enterro nas grutas abaixo da Basílica de São Pedro. Moedas cunhadas durante seu papado foram enterradas junto ao seu corpo, bem como um relato histórico de uma página sobre sua vida, que registra seus estudos, pesquisas e a renúncia. O texto também observa que ele viveu seus últimos anos “em oração e meditação”.
Bento viveu em um mosteiro no Vaticano depois de deixar o cargo há quase 10 anos. Ele ainda usava vestes brancas e passava a maior parte do tempo lendo e escrevendo sobre teologia.
A renúncia talvez seja o ponto que mais definiu seu papado. Ele se tornou o primeiro Papa em mais de 700 anos a abandonar o posto voluntariamente – depois, claro, de um majestoso voo de despedida sobre a Cidade Eterna em um helicóptero, com toda a pompa e circunstância que marcou seu estilo.
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Na época, Bento disse que sua força mental e física havia se deteriorado “a ponto de ter que reconhecer minha incapacidade para cumprir o ministério que me foi confiado”.
Um homem naturalmente tímido, Bento XVI sempre disse que não tinha ambições de ser papa. Mas ele foi escolhido, em 2005, para suceder o Papa João Paulo II e, aos 78 anos, assumiu como o pontífice mais velho em quase 30 anos.
Sua entrada no sacerdócio ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, virando, depois, cardeal. Na poderosa posição de chefe da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, ele ganhou o apelido de “Rottweiler de Deus”, cunhado pelo biógrafo John Allen, como um rígido executor da política da igreja.
Apenas a Itália e a Alemanha, pátria de Bento XVI, enviaram delegações oficiais para a missa nesta quinta-feira, embora a realeza da Bélgica e da Espanha, junto com mais de uma dúzia de chefes de estado e embaixadores de muitas nações na Santa Sé, também tenham vindo homenagear o ex-Papa.