Quase dois dias depois que uma bombástica entrevista do príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle, foi ao ar, o Palácio de Buckingham finalmente quebrou o silêncio. Nesta terça-feira, 9, uma declaração em nome da rainha Elizabeth II, do Reino Unido, afirmou que as questões levantadas são preocupantes e entristecedoras, “particularmente as de raça”.
“Toda a família está triste ao saber o quão desafiadores os últimos anos têm sido para Harry e Meghan. As questões levantadas, principalmente de raça, são preocupantes. Embora algumas lembranças possam variar, elas serão levadas muito a sério e tratadas pela família em particular. Harry, Meghan e Archie sempre serão membros da família muito queridos”, diz o comunicado.
A entrevista conduzida pela apresentadora americana Oprah Winfrey foi transmitida pela emissora CBS News nos Estados Unidos no domingo 7. O Palácio de Buckingham não foi avisado com antecedência sobre os conteúdos da conversa.
Harry e Meghan concordaram com a entrevista para compartilhar “sua verdade”. Apesar de simpático a ambos, o comunicado da monarca dá a entender que pode haver outras verdades à solta.
As alegações do casal real, particularmente sobre questões raciais e de saúde mental, levaram a pedidos de investigação pelo palácio, mas a declaração da rainha indica que o caminho a seguir será afastado dos holofotes – como a família real costuma operar.
Uma das acusações mais polêmicas foi que um membro da família real havia expressado preocupação sobre a cor da pele do filho do casal, Archie, antes que ele nascesse. Segundo Oprah, que faturou 40 milhões de reais com o furo, Harry teria dito que não era a rainha ou o príncipe Philip.
Meghan, filha de mãe negra e pai branco, foi a primeira mestiça a compor o time sênior da realeza britânica. A duquesa de Sussex sugeriu que o fato de Archie ser mestiço foi pretexto para que ele não tivesse título de príncipe, e a subconsequente proteção de agentes de segurança que acompanha o título.
Durante a entrevista, a duquesa também disse que “não queria mais estar viva” e que havia pensado em suicídio por conta do assédio da mídia e da vida no palácio. Ela disse que pediu ajuda da “instituição”, que lhe foi negada.
Enquanto isso, Harry criticou seu pai, dizendo que se sentiu “decepcionado” por Charles e acusando-o de não atender seus telefonemas. Durante uma visita a um centro de vacinação nesta terça-feira, um jornalista perguntou ao herdeiro do trono britânico o que ele tinha achado da entrevista. Ele apenas riu e continuou andando sem fazer nenhum comentário.
A entrevista do casal dividiu opiniões entre a população britânica. De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto YouGov, 36% afirmaram estar ao lado da monarquia, enquanto 22% declaram opinião mais favorável a Harry e Meghan. O apoio ao casal é maior entre os jovens de 18 a 24 anos — 48% disseram estar a seu lado —, enquanto apenas 9% dos britânicos com mais de 65 anos lhes são favoráveis. Entre os mais velhos, 55% estão ao lado da família real.