A polícia francesa interrogou nesta segunda-feira os pais e um amigo do jovem acusado de atacar pessoas com uma faca no sábado, em Paris. Identificado como Khamzat Azimov, o radical islâmico matou um homem de 29 anos e feriu outras quatro pessoas em uma rua próxima à Ópera Garnier e foi morto pela polícia.
Este episódio eleva para 246 o número de mortos em ataques jihadistas na França desde 2015.
O principal desafio para a polícia francesa é identificar se Azimov agiu sozinho, como um “lobo solitário, ou se teve cúmplices. O agressor tinha cidadania francesa, mas nascera em 1997 na Chechênia, pequena república muçulmana da Federação da Rússia.
Também haviam nascido na Chechênia os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev, os radicais islâmicos que executaram um ataque terrorista durante a Maratona de Boston de 2013, nos Estados Unidos. O atentado deixou três mortos e 264 pessoas feridas.
O Estado Islâmico (EI) divulgou nesta segunda-feira um vídeo em que um jovem, apresentado como o autor do ataque, jura fidelidade à organização jihadista.
Os pais de Azimov estão detidos desde domingo. O pequeno hotel onde viviam, em um bairro popular de Paris, foi revistado. Não há ainda resultados conclusivos.
Um amigo do agressor foi detido no domingo à tarde em Estrasburgo e teve sua casa também revistada. Ele está sob custódia provisória da Direção Geral da Segurança Interna (DGSI), na periferia de Paris. A Procuradoria francesa pediu a prorrogação por 24 horas da detenção do jovem por ser a pessoa “mais próxima” de Azimov, de acordo com uma fonte judicial.
Khamzat Azimov e ele estavam “sempre juntos, dentro e fora da escola”. Os dois jovens muçulmanos passavam o tempo livre “jogando videogame e praticando esportes”, relatou à AFP um ex-colega de turma.
Fichados por radicalismo
Apesar de não ter antecedentes criminais, o mome de Azimov constava desde 2016 do chamado arquivo “S” dos serviços de Inteligência franceses, informaram fontes ligadas à investigação.
Esse arquivo conta com o registro de mais de dez mil pessoas consideradas perigosas, metade das quais é islâmico radical ou suscetíveis a contatos com movimentos terroristas. A lista inclui ainda torcedores violentos de times de do futebol e membros de grupos políticos extremistas.
Seu nome também aparecia no Arquivo de Prevenção contra a Radicalização Islâmica (FSPRT) por causa de “suas relações”, mas não propriamente por “seu comportamento, seus atos ou seus posicionamentos”, disse uma fonte próxima à investigação.
Há um ano, Azimov havia sido “interrogado pela seção antiterrorista da brigada criminal por conhecer um homem ligado a alguém que viajara para a Síria”, acrescentou a fonte.
Radouane Lakdim, franco-marroquino que matou quatro pessoas perto de Carcassonne (sudoeste) em março, também constava na lista “S” desde 2014 por causa de suas relações suspeitas “com o movimento salafista”.
Esses fatos reavivaram a controvérsia na França sobre a eficácia da vigilância de pessoas fichadas por radicalização. A presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, disse que o sistema de arquivos ‘S’ “não ajuda”.
“A França volta a pagar o preço do sangue, mas não cede um milímetro sequer frente aos inimigos da liberdade”, reagiu o presidente Emmanuel Macron, no último sábado, no Twitter.