Não faz muito tempo que a Otan, aliança militar ocidental criada para enfrentar a extinta União Soviética, parecia ela também estar nas últimas. A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro do ano passado, no entanto, reeditou o conflito Leste-Oeste e tirou a Otan do limbo. Foi com vigor e força renovados que os governantes dos 31 países-membros participaram da reunião de cúpula da organização realizada em Vilnius, capital da Lituânia, um encontro planejado para reiterar apoio irrestrito ao lado ucraniano, ao qual fornecem armas, munição, equipamento e treinamento desde o primeiro dia de guerra. Nem por isso o presidente Volodymyr Zelensky, convidado especial, saiu de Vilnius com o que mais queria: uma data para a entrada de seu país na Otan. “A Ucrânia precisa atender a outras qualificações antes, como democratização”, desconversou o americano Joe Biden. A nova adesão seria uma afronta à Rússia e, pior, se acontecesse agora colocaria o bloco inteiro na frente de batalha contra os russos, uma situação de altíssimo risco. Na cúpula, na qual Kiev ouviu promessas de mais armamentos e o compromisso de ajuda militar de longo prazo, a Otan deu as boas-vindas a seu novo membro, a Finlândia, e ficou mais perto de adicionar a Suécia, que estava tendo sua aprovação empatada pela Turquia (ela tem de ser unânime). Após meses alegando que o governo sueco “abriga terroristas”, o turco Recep Erdogan anunciou enfim seu voto a favor. Ganhou agradecimentos gerais e novos caças F-16 americanos para sua Força Aérea.
Publicado em VEJA de 19 de julho de 2023, edição nº 2850