A Coreia do Norte concordou, durante conversas nesta segunda-feira, enviar uma orquestra de 140 membros para se apresentar durante a Olimpíada de Inverno da Coreia do Sul no próximo mês, disse Seul, em um momento de redução nas tensões após um impasse de meses sobre o programa de armas norte-coreano.
Autoridades das duas Coreias se encontraram no lado do Norte do vilarejo fronteiriço de Panmunjom, na Zona Desmilitarizada, para discutir o envio de músicos norte-coreanos (pela primeira vez em 18 anos) à Olimpíada de Pyeongchang.
Os dois lados concordaram que a orquestra fará apresentações na capital, Seul, e em Gangneung, perto de Pyeongchang, disse o Ministério de Unificação da Coreia do Sul em comunicado.
Lee Woo-sung, negociador-chefe de Seul, disse que Pyongyang havia pedido que os artistas cruzassem a fronteira a pé passando por Panmunjom, na zona desmilitarizada, onde um soldado norte-coreano desertou para a Coreia do Sul em novembro.
A Coreia do Norte irá enviar uma equipe de inspeção preliminar “o mais cedo possível” para elaborar logísticas como o local das apresentações, as condições do palco e a instalação de equipamentos, informou um comunicado conjunto.
Os dois países, tecnicamente, ainda estão em guerra, pois o conflito de 1950 a 1953 terminou com uma trégua e não um tratado. Em 1988, a Coreia do Norte boicotou as Olimpíadas de Verão de Seul. Esta edição de inverno de 2018 está sendo apresentada como os “Jogos da Paz”.
Banda Pop
As autoridades também conversaram nesta segunda-feira sobre o envio da mais famosa banda de pop norte-coreana, Moranbong, que é composta por dez mulheres, todas escolhidas pelo líder Kim Jong-un, segundo informou a AFP.
A Moranbong revolucionou o panorama musical da Coreia do Norte com suas interpretações de sucessos ocidentais, como My Way, de Frank Sinatra, e o tema do filme Rocky, tocados com violinos elétricos.
O repertório conta também com numerosas canções patrióticas, como “O aniversário de mamãe”, que fala sobre o governante do Partido Trabalhista da Coreia do Norte, ou “O chamamos de pai”, uma ode a Kim Jong-un.
Caso sejam interpretadas durante a Olimpíada, as músicas poderiam infringir as leis sobre segurança nacional da vizinha do sul, que proíbe qualquer elogio ao Norte. “Seul tem que negociar com cuidado para evitar a difusão de propaganda do Norte durante os Jogos”, avalia Cheong Seong-Chang, analista do Instituto Sejong.
“Se os membros do grupo Moranbong, todas formalmente oficiais militares, vierem ao sul a caráter, vão incomodar muito os sul-coreanos.”
Envio de atletas
As duas Coreias também concordaram em conversar na próxima quarta-feira sobre o envio dos atletas norte-coreanos. Segundo o Ministério da Unificação de Seul, A Coreia do Norte pediu para o encontro ser realizado na Casa da Paz, no lado sul-coreano do vilarejo de Panmunjom.
A Coreia do Sul busca formar uma equipe feminina de hóquei no gelo unida com a Coreia do Norte, de acordo com relatos da mídia.
A Coreia do Norte e a Coreia do Sul também vão realizar conversas sediadas pelo Comitê Olímpico Internacional, separadas de suas conversas intercoreanas, no sábado.
(Com Reuters e AFP)