Milhares de civis palestinos marcharam do norte para o sul de Gaza nesta quarta-feira, 8, em busca de refúgio dos ataques aéreos israelenses e dos violentos combates terrestres no enclave. O êxodo ocorreu durante um corredor humanitário de quatro horas anunciado por Israel, que pressiona a população a migrar para o sul do território.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários disse que cerca de 15 mil pessoas fugiram na última terça-feira, 7, em comparação com 5 mil na segunda-feira, 6, e 2 mil no domingo, 5. Partes do sul da Faixa de Gaza também ficaram novamente sob ataque quando a guerra entre o movimento palestino Hamas e Israel entrou no seu segundo mês.
Autoridades de saúde palestinas disseram que um ataque aéreo que atingiu casas no campo de refugiados de Nusseirat matou 18 pessoas na manhã de quarta-feira. Em Khan Younis, seis pessoas, incluindo uma jovem, foram mortas num ataque aéreo.
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“Estávamos em paz quando, de repente, um ataque aéreo pousou sobre uma casa e explodiu o quarteirão inteiro, três casas uma ao lado da outra”, disse Mohammed Abu Daqa, uma testemunha, à agência de notícias Reuters.
Outras pessoas permanecem no norte cercado, incluindo no principal hospital Al Shifa da cidade de Gaza.
“A situação está piorando dia após dia”, disse Um Haitham Hejela, que se abriga com os filhos pequenos em uma tenda improvisada. “Não há comida, não há água. Quando meu filho vai buscar água, ele fica na fila por três ou quatro horas. Destruíram as padarias, não temos pão.”
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A cidade de Gaza, principal bastião do Hamas no território, está cercada por forças israelenses. Os militares afirmaram que as tropas avançaram para o centro da cidade, enquanto o grupo militante palestino afirma que os seus combatentes infligiram pesadas perdas contra as Forças de Defesa de Israel (FDI).
Tel Aviv afirmou ter destruído 130 túneis, onde encontraram forte resistência dos combatentes do Hamas que usam os locais para organizar emboscadas. Os ataques aéreos também mataram um fabricante de armas do Hamas, Mahsein Abu Zina, e vários combatentes, disseram os militares israelenses.
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Autoridades da ONU e potências mundiais do G7 intensificaram os apelos a uma pausa humanitária na guerra para ajudar a aliviar o sofrimento dos civis em Gaza, onde bairros inteiros foram arrasados pelos bombardeamentos israelenses e os abastecimentos básicos estão se esgotando.