As Nações Unidas disseram nesta sexta-feira, 6, que há evidências de que a Rússia está saqueando estoques de grãos da Ucrânia e destruindo instalações de armazenamento dos alimentos. A situação agrava ainda mais a situação de fome e o sofrimento no país por causa da guerra.
“Os grãos estão sendo roubados pela Rússia e transportados em caminhões para a Rússia e o mesmo vale para implementos agrícolas”, disse Josef Schmidhuber, um alto funcionário da ONU para Agricultura e Alimentação, a repórteres.
Ele afirmou que 700.000 toneladas de grãos foram levados, com base em evidências anedóticas e relatórios de mídias sociais, que não podem ser consideradas provas concretas.
“Acho que há um pouco de credibilidade nas imagens”, disse nas mídias sociais. “Há um pouco de evidência de apoio para a ideia de que está sendo transportada”.
A Ucrânia é uma das maiores exportadoras de trigo do mundo. Estima-se que com a invasão no país, cerca de 35% da colheita do grão deve cair, em comparação com 2021.
O governo ucraniano já decidiu proibir as exportações de grãos e muitos outros produtos alimentícios, em um esforço para preservar seu próprio suprimento de alimentos. O transporte também é difícil, uma vez que a Rússia bloqueou a costa do Mar Negro do país. Em março, os preços globais do trigo aumentaram cerca de 20%.
Taras Vysotsky, o primeiro vice-ministro da política agrária da Ucrânia, disse esta semana que cerca de 100.000 toneladas de grãos foram exportados de cada um dos quatro principais territórios ocupados pelas forças russas: Zaporizhzhia, Donetsk, Luhansk e Kherson.
“Pode haver uma escassez física de alimentos para os ucranianos nessas áreas e há uma ameaça de fome”, disse o ministro.
As autoridades ucranianas afirmam que o roubo dos grãos pode ter graves consequências devastadoras não só para a Ucrânia, mas também para todo o mundo, principalmente as nações pobres.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU alertou no mês passado que a perda das exportações de grãos da Ucrânia em um momento em que 45 milhões de pessoas em 38 países estavam enfrentando fome extrema poderia desencadear uma “tempestade perfeita” de fome, migração em massa e instabilidade política.